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CENA 1. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INT. NOITE.

 

FADE IN em um rosto feminino atrás de uma máscara de baile preta, com brilhos e penas pregadas no lado. A mulher retira a máscara e revela ser Letitia. Ela está se olhando na frente do espelho de seu quarto, usando um belíssimo vestido escuro. Lawrence entra no quarto, de smoking, usando uma máscara que esconde metade de seu rosto.

 

LAWRENCE – Já está pronta? Os convidados estão chegando, precisamos descer.

 

LETITIA – (CONCORDA) Sim, só preciso terminar minha maquiagem. Já vou descer.

 

LAWRENCE – Sem problemas. Você está linda.

 

Lawrence se aproxima da mulher e beija em seu pescoço. Letitia fecha os olhos, com asco. Lawrence se afasta, vendo o desgosto dela.

 

LETITIA – Lawrence... Eu não vou conseguir aguentar, eu preciso te fazer uma pergunta.

 

LAWRENCE – Que pergunta?

 

LETITIA – O que você fez com a Violet? (SE VIRA) Você a matou não matou?

 

Lawrence dá uma risadinha e respira fundo.

 

LAWRENCE – Não gosto de usar a palavra morte, querida. Quem sou eu para decidir a hora em que as pessoas deverão partir?

 

LETITIA – Me responda Lawrence. Eu preciso saber.

 

LAWRENCE – Se você quer mesmo saber... Digamos que eu fiz com que esse problema jamais volte a nos perturbar. Satisfeita?

 

LETITIA – (ENGOLE A SECO) Já entendi.

 

LAWRENCE – (SORRI) Estou te esperando.

 

Lawrence vai sair.

 

LETITIA – Espera.

 

LAWRENCE – (VOLTA) O que foi agora?

 

LETITIA – Eu preciso dizer mais uma coisa. Uma coisa importante.

 

LAWRENCE – (CRUZA OS BRAÇOS) Sim.

 

LETITIA – Eu estou grávida.

 

CLOSE em Lawrence, bastante surpreso. Letitia olha para ele, assustada. FADE OUT.

CENA 5. MANSÃO DOS ADDAMS. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.

 

Lawrence na frente de Martinez, nervoso, jogando todos os objetos do escritório contra a parede, com ódio.

 

LAWRENCE – (ALTO) Como isso pode acontecer, me diz? Como? Como aquela mulher conseguiu sobreviver?

 

MARTINEZ – Eu não sei chefe/...

 

LAWRENCE – Cala a boca! (COM RAIVA) É tudo culpa sua! Que fez seu serviço mal feito! Você está do lado dela, é isso? (SEGURA ELE PELA CAMISA) Me fala!

 

MARTINEZ – (ASSUSTADO) Não chefe! Fizemos tudo o que o senhor mandou, a jogamos na cova e fechamos com terra! O senhor estava lá e viu! Por favor, eu jamais trairia uma pessoa que sempre foi boa pra mim.

 

Lawrence larga Martinez, mais calmo.

 

LAWRENCE – Eu sei, me desculpe, apenas me descontrolei. (PAUSA) É impossível!

 

MARTINEZ – E agora?

 

LAWRENCE – E agora que ela vai acabar comigo! Ela me tem nas mãos! Ela pode revelar tudo sobre mim hoje, nessa festa, e eu não posso fazer nada.

 

MARTINEZ – Se quiser, posso dar um jeito.

 

LAWRNECE – Não, não faça nada. Quem vai acabar com essa vadia serei eu, com minhas próprias mãos. Você vai ver.

 

E Lawrence sai. CLOSE em Martinez.

 

CENA 6. MANSÃO DOS ADDAMS. JARDIM. EXT. NOITE.

 

Letitia sai pela porta da frente da mansão e tira a máscara. Ela segura a barra do vestido e caminha pelo jardim, até encontrar Violet de costas, em frente a um canteiro de flores.

 

LETITIA – Violet.

 

Violet se vira e sorri para ela. Letitia corre e as duas se abraçam.

 

LETITIA – (EMOCIONADA) Graças a Deus que você está bem. Depois de tudo que aconteceu eu pensei que ele havia te matado.

 

Violet concorda, mas não diz uma só palavra.

 

LETITIA – (SORRI) Você não sabe o que eu passei quando ele me disse que tinha te matado. Eu achei que fosse desmoronar, que fosse perder tudo.

 

Violet deixa uma lágrima escorrer. Letitia estranha o comportamento dela.

 

LETITIA – O que está acontecendo Violet? Eu estou aqui, aliviada por você estar viva, e você não disse uma só palavra.

 

VIOLET – O bebê. É verdade?

 

LETITIA – (BAIXA A CABEÇA) Sim.

 

Violet respira fundo.

 

LETITIA – Mas eu não quis nada disso, ele me obrigou. Eu juro.

 

VIOLET – Eu entendo. Ele é seu marido. E agora? Como você acha que poderemos ficar juntas, Letitia?

 

LETITIA – Vai dar tudo certo, eu sei que vai dar. Nós vamos colocar o Lawrence na cadeia por todos os crimes que ele cometeu e ficaremos juntas. Sei que podemos cuidar dessa criança.

 

Letitia pega a mão de Violet e encosta em sua barriga. Violet sorri.

 

VIOLET – Acho que você deve ir, se Lawrence nos vê juntas nem sei o que pode acontecer.

 

LETITIA – Tudo bem, eu vou até seu apartamento amanhã pra gente conversar com mais calma. Fica bem.

 

Letitia dá um beijo em Violet e volta para a mansão. CLOSE em Violet, apreensiva.

 

CENA 7. MANSÃO DOS ADDAMS. INT. NOITE.

 

 

 

A festa segue. Jessica e Sean estão no centro da pista dançando uma música lenta. Eles conversam enquanto dançam, mas não se ouve absolutamente nada. Paul e Alison entram na pista e também começam a dançar.

 

PAUL – (NO OUVIDO DELA) Você soa adorável depois de todos esses anos.

 

ALISON – (RI) Não seja modesto Paul. Eu sempre dei para uma boa pé de valsa.

 

Paul e Alison vão dançando e se aproximam, sem ver, de Jessica e Blake. Blake e Paul se batem de costas e Paul se vira.

 

PAUL – Mas o que...

 

SEAN – (SURPRESO) Você?

 

Paul larga Alison e encara Sean sem acreditar no que está vendo. Sean engole a seco. Jessica os observa com um olhar perdido.

 

PAUL – O que você está fazendo aqui, drogado?

 

SEAN – (NERVOSO) Eu... Eu...

 

PAUL – Eu te disse que queria longe da minha vida, não disse? O que ainda faz aqui? E dentro dessa casa? (SEGURA NO BRAÇO DELE) Você veio cometer um assalto, é?

 

ALISON – (PREOCUPADA) Calma Paul!

 

SEAN – Me solta, está me machucando.

 

JESSICA – (ALTO) Senador Paul, o Sean é meu convidado. Posso saber o que está acontecendo?

 

PAUL – (PASMO) Seu convidado? (APONTA) Esse marginal? Você só pode estar de brincadeira comigo.

 

JESSICA – Eu realmente estou perdida! Vocês já se conhecem?

 

PAUL – (IRRITADO) É claro! Esse rapaz é meu sobrinho. Sean Paul Banks, filho de meu irmão falecido.

 

SEAN – (PARA JESSICA) Eu ia te contar, eu juro.

 

JESSICA – (PENSA) Então era desse passado que você estava fugindo.

 

PAUL – Esse rapaz não presta. Desde que o pai dele morreu naquele acidente ele nos traz problemas. Aparece na porta de nossa mansão drogado, gritando coisas terríveis, como se os responsáveis por sua vida miserável fomos nós. Somente eu e Alison sabemos o quanto lutamos para tirar Sean do vício das drogas.

 

SEAN – (SE EMOCIONA) É mentira! Vocês sempre me reprovaram! Sempre quiseram que eu fosse como os filhos de vocês! Mas eu sou diferente! E não preciso de dinheiro nenhum! Eu posso viver da minha música.

 

PAUL – (DÁ RISADA) E desde quando música dá dinheiro? Você é um aborto mal feito, Sean. (PARA JESSICA) O que esse rapaz faz aqui?

 

JESSICA – Eu o convidei. O conheci a pouco tempo. Nós... Nós estamos o conhecendo. Sean não é nenhum monstro senador, eu posso garantir.

 

PAUL – Eu já entendi o que está acontecendo aqui. Você está seduzindo-a para conseguir dinheiro, como sempre faz, não é isso? Mas você é muito canalha Sean! Jessica, você precisa manter distância desse rapaz.

 

SEAN – (LIMPA AS LÁGRIMAS) É mentira! Eu não admito que me trate dessa maneira.

 

PAUL – (ENCARA) Saia já dessa casa. Você não pertence a esse mundo. Seu lar é as ruas, no meio dos ratos. É pra lá que você tem de voltar. Deixe essa família em paz.

 

Sean encara o tio e sai rapidamente no meio das pessoas. Paul suspira, nervoso, e Alison a abraça. Jessica balança a cabeça negativamente e vai atrás de Sean.

 

CENA 8. MANSÃO DOS ADDAMS. JARDIM. EXT. NOITE.

 

Sean sai pela porta da mansão aos prantos. Quando ele vai sair pelo portão, Jessica aparece.

 

JESSICA – (GRITA) Sean. Não vá.

 

Sean para e se vira para ela. Jessica desce a escada e vai até ele. Ela o abraça.

 

JESSICA – Por favor, não vá embora. Não agora. Eu preciso de você comigo. Eu não posso mais aguentar essa sociedade, essa família.

 

SEAN – Infelizmente eu não pertenço ao seu mundo Jessica. Acho que alguma coisa forte aconteceu entre a gente. Mas como meu tio disse, eu pertenço às ruas.

 

JESSICA – Não ligue para nada que o seu tio diga. Ele é um idiota, como todos que estão dentro dessa festa hoje.

 

SEAN – É melhor que a gente pare de se encontrar Jessica. Volte pro seu marido. Tenha sua vida de volta. Será melhor assim.

 

Sean alisa o rosto dela e vai embora da mansão.

 

JESSICA – (BERRA) Sean!

 

E ela põe as duas mãos na cabeça, sem saber o que fazer.

 

CENA 9. MANSÃO DOS ADDAMS. INT. NOITE.

 

CÂMERA abre na mão de Ben erguendo um copo de uísque até a boca. O rapaz dá um bom gole e observa a movimentação da festa. Ben está usando uma máscara toda preta, bastante macabra. A delegada Kendra Parker se aproxima dele lentamente e ele a vê ao seu lado.

 

KENDRA – Eu posso ficar aqui?

 

BEN – (IGNORA) Pode ficar onde quiser, meu anjo.

 

Kendra concorda com a cabeça. Ben não liga para ela e continua a beber seu uísque.

 

KENDRA – Então. Benjamin, correto? Estudante de medicina. Filho de Lawrence e Letitia.

 

BEN – Para uma convidada da festa você até que está bastante informada da minha vida. Qual meu tipo sanguíneo?

 

KENDRA – Ouvi falar que gosta de sangue. Como futuro médico, terá de lidar com isso. (PAUSA) Salvar a vida de pessoas é bem difícil. Tem certeza que quer fazer isso?

 

BEN – Tanta certeza quando que esse seu papo está me enchendo o saco pra caralho.

 

KENDRA – Não seja mal humorado, Benjamin. Eu apenas estou tentando fazer amizades. Meu nome é Kaylee, muito prazer.

 

BEN – (CONCORDA) Prazer Kaylee. (PENSA) Sabe o que seria bom?

 

KENDRA – Hum?

 

BEN - (SORRI) Que você sumisse do meu lado e me deixasse em paz. Não quero falar com ninguém, quem dirá com uma estranha.

 

KENDRA – Sabe o que é mais engraçado?

 

BEN – Calada. Minha irmã irá falar.

 

CORTA PARA Jessica no topo da escada da mansão, segurando um pequeno microfone. Todos da festa prestam atenção nela. FOCO em Letitia e Lawrence bem próximos a escada.

 

JESSICA – (SÉRIA) Eu não tenho muita coisa para falar a não ser que amo meus pais, sim, por que Letitia é como se fosse uma mãe para mim. Eu queria que a minha mãe de verdade estivesse aqui, mas, bom, não é a hora de falar disso. Eu queria chamar uma grande amiga minha, Violet Langdon. Ela tem adoráveis palavras para dizer sobre o casal. Aplausos, por favor.

 

E Violet surge atrás de Jessica, sem máscaras. Jessica entrega o microfone para Violet. Violet sorri para os convidados.

 

VIOLET – (MICROFONE) Boa noite.

 

LETITIA – (PARA LAWRENCE) O que significa isso?

 

LAWRENCE – (SUSSURRA) Merda.

 

VIOLET – (MICROFONE) Eu vim aqui hoje por que tenho muitas coisas para falar sobre esse casal. Afinal, vivemos tantas coisas juntos, não? (SORRI) Como homossexual assumida, eu me orgulho em ter amigos que aceitem minha condição sexual.

 

Os convidados todos conversam entre si, boquiabertos com a revelação de Violet. CLOSE em Lawrence encarando Violet sério.

 

VIOLET – (MICROFONE) Para isso, eu achei que deveria falar algumas palavras sobre eles. Dizer a verdade sobre a família Addams.

 

Lawrence pisa em um degrau da escada para subir, mas Letitia o segura pelo braço, assustada. Lawrence volta atrás.

 

VIOLET – Queria dizer que simplesmente adoro Lawrence Addams.

 

CLOSE em Lawrence, surpreso com o que ela acaba de dizer. Letitia põe um sorriso no rosto, aliviada.

 

VIOLET – E que ele e Letitia são duas pessoas iluminadas, que fazem bem a todos, e merecem um lugar no céu ao lado de Deus. A família Addams é abençoada, essa é a grande verdade. Como amiga pessoal, eu agradeço o convite para ser madrinha do filho que está por vir e desejo sorte. Obrigada!

 

Violet entrega o microfone para Jessica e desce a escada. CORTA PARA Kendra e Ben.

 

KENDRA – Você sabia que eu ouvi algumas coisas sobre você?

 

BEN – Ah ouviu? Tipo o que?

 

KENDRA – Coisas perturbadoras, digamos assim. De Mandy. Você sabe quem ela é, Benjamin? Mandy?

 

Ben congela e a encara, entendendo o que está acontecendo. Ele olha pelo canto dos olhos e vê que Larry está se aproximando dele pelas costas. CORTA PARA Violet chegando até Letitia e Lawrence.

 

LAWRENCE – Parabéns pelas palavras Violet. Tenho certeza que escolheu as mais certas.

 

VIOLET – Te desmascarar na frente de todos os seus amigos seria fácil demais e eu sequer teria provas. Minha mente é criativa. Tenho outros planos pra você.

 

LAWRENCE – Eu ainda quero saber como você saiu daquele buraco.

 

VIOLET – (SORRI) Use sua mente.

 

E Violet sai. Lawrence observa ela sair, intrigado. Close em Letitia, que põe a mão no peito, nervosa. CORTA PARA Kendra e Ben. Larry se aproxima das costas do rapaz.

 

BEN – (FALSO) Não estou entendendo o que está acontecendo.

 

KENDRA – Você está entendendo sim. É o fim da linha, Benjamin. Mandy contou tudo que você fez com ela, todas as torturas e humilhações. Acabou.

 

BEN – (ASSUSTADO) Quem é você? Que história é essa?

 

KENDRA – (BAIXO) Eu sou aquela que vai te fazer pagar por todos os seus crimes.

 

Larry coloca a mão no ombro de Ben. Ben pensa por um instante e joga o copo de uísque no rosto de Kendra, que se afasta, sem enxrgar. Ele dá uma cabeçada em Larry, que cai no chão, e sai correndo entre os convidados.

 

KENDRA – Larry! Pegue-o!

 

Kendra puxa uma arma da cintura e atira para cima. Todos os convidados da festa olham para ela. Ela vê que Ben está próximo a saída da mansão e corre atrás dele dando tiros para cima. Os convidados todos se abaixam, nervosos. Lawrence agarra Letitia.

 

LETITIA – (COM MEDO) O que está havendo?

 

LAWRENCE – Eu não sei!

 

CENA 10. MANSÃO DOS ADDAMS. FRENTE. EXT. NOITE.

 

Kendra sai correndo pela porta com a arma na mão, mas não consegue ver Ben em lugar nenhum. Ela dá um chute no chão, furiosa.

 

KENDRA – Merda! Ele fugiu!

 

Larry sai em seguida da mansão, com o rosto sangrando, e vai até a delegada.

 

LARRY – Para onde ele foi?

 

KENDRA – Ele conseguiu escapar, foi por pouco Larry. Ligue para Nathan, ele ainda deve estar na vizinhança. Nós vamos caçar Ben Addams nem que seja no inferno.

 

Larry concorda e sai. CLOSE na delegada Kendra. A CÂMERA vai se afastando e mostra um plano geral da frente da mansão.

CENA 2. MANSÃO DOS ADDAMS. INT. NOITE.

 

 

 

Uma grande festa acontecendo dentro da mansão. Os móveis da residência dão espaço para um enorme grupo de pessoas, todos com vestidos de gala e máscaras no rosto. No centro da festa um enorme chafariz de gelo. CÂMERA anda em travelling pelos convidados e chega até Lawrence e Letitia, cumprimentando um casal, também mascarado.

 

LAWRENCE – (APERTA A MÃO) Senador Paul, é um prazer ter você e sua esposa com a gente nessa festa maravilhosa.

 

PAUL – (SORRI) Eu é que tenho que agradecer o convite, Lawrence.

 

LAWRENCE – (PARA A MULHER) Como vai Alison?

ALISON – (CONCORDA) Muito bem.

 

LAWRENCE – (PARA LETITIA) Querida, o que acha que mostrar o local para Alison enquanto eu e Paul conversamos?
 

LETITIA – Seria uma honra. Vamos Alison?

 

ALISON – Claro.

 

E as duas saem.

 

PAUL – Tenho que admitir Lawrence, mas mesmo de máscara a sua esposa continua formidavelmente bela. Parabéns.

 

LAWRENCE – (SE GABA) Muito obrigado Paul. Alison também é uma bela mulher.

 

PAUL – Mas não como Letitia. Alison enche muito a minha paciência entende?

 

LAWRENCE – (RI) Entendo...

 

Na porta de entrada da casa, uma mulher alta, de cabelos escuros e vestido vermelho entra, com o rosto inteiramente mascarado, e chama a atenção de Lawrence, que mostra para Paul.

 

LAWRENCE – Viu aquela mulher?

 

PAUL – (ADMIRA) Nossa! Quem é aquela beldade, Lawrence?

 

E a mulher desaparece no meio dos convidados. CORTA PARA Dianne conversando com uma amiga, segurando sua máscara com uma das mãos. A mulher de vermelho passa por Dianne, que olha curiosa. Lawrence chega e fala com a mãe.

 

LAWRENCE – Mamãe, com licença, a senhora sabe quem é essa mulher que acabou de passar por aqui?

 

DIANE – Nunca vi na minha vida. Por quê?

 

LAWRENCE – Por que eu também não sei quem é.

 

CLOSE em Lawrence. CORTA PARA a escada da mansão. Jessica desce deslumbrante, com um vestido dourado e uma máscara com plumas escuras. Um homem, de terno e rosto escondido, a aborda e puxa para um canto da festa.

 

JESSICA – (GRITA) Meu Deus, o que é isso? Quem é você?

 

O homem tira a máscara e se revela para Jessica. É Sean.

 

SEAN – Já se esqueceu de mim?

 

JESSICA – (DÁ RISADA) Ai Sean, justo você? Para de me assustar, quase morri de medo.

 

SEAN – (SORRI) Você está linda.

 

JESSICA – Obrigada! E adorei você ter decidido vir, estava precisando de uma companhia decente além dessas mulheres da sociedade que só falam comigo por eu ser Jessica Addams.

 

SEAN – De alguma forma eu sei o que é isso.

 

JESSICA – Sabe é? (PAUSA) Vem cá Sean, quando você vai começar a me contar sobre a sua vida? Eu já me abri inteiramente e não sei nada sobre você.

 

SEAN – Eu gosto de manter o segredo.

 

JESSICA – Eu detesto segredos.

 

SEAN – E isso, você detesta?

 

Sean agarra Jessica, põe uma de suas mãos nas nádegas da moça, fazendo delirar.

 

JESSICA – (OFEGANTE) Sean... Para com isso...

 

SEAN – Não fala nada...

 

E Sean beija Jessica com frisson. FOCO nas duas bocas de entrelaçando.

 

CENA 3. CASA DOS FLORRICK. SALA. INT. NOITE.

 

Sarah e Wayne prontos pra sair de casa, vestindo roupas de gala. Ryan sentado no pé da escada, de pijamas.

 

SARAH – Tem certeza de que não se importa de ficar sozinho, meu filho? Se quiser, eu e seu pai podemos ficar em casa.

 

RYAN – Não mãe, acho que devem se divertir, eu ficarei bem sozinho.

 

WAYNE – Nós nos preocupamos com você filho. Ainda mais depois do que fizeram com o Gary.

 

SARAH – Nós vamos encontrá-lo, filho.

 

RYAN – Deixem isso pra lá! Já disse que deve ter sido alguém da escola, por favor, não mexam nessa história.

 

SARAH – Você que sabe. Bom, então eu e seu pai vamos indo, ok? Qualquer coisa, estamos na casa ao lado.

 

WAYNE – Fica bem.

 

Wayne beija a testa do filho e sai com Sarah. Nervoso, Ryan passa a tranca na porta.

 

CENA 4. MANSÃO DOS ADDAMS. INT. NOITE.

 

O baile de máscaras continua. A delegada Kendra está afastada da movimentação, bebendo algo com discrição. Um homem chega ao lado dela.

 

HOMEM – Bebendo em serviço, delegada?

 

KENDRA – Não seja patético, Larry, é apenas refrigerante. Foque no nosso objetivo aqui hoje.

 

LARRY – Andei pela festa e não o vi em nenhum lugar. Será que ele sabe da nossa presença?

 

KENDRA – Impossível, logo ele aparece. Fique de olhos bem abertos. Hoje colocaremos as mãos em Ben Addams.

 

Kendra põe sua máscara e sai. CLOSE em Larry.

 

LAWRENCE – (EM OFF) Atenção, por favor, eu preciso de um minutinho da atenção de vocês.

 

CORTA PARA Lawrence e Letitia no topo da escada, sob os olhares de todos que estão na festa. A CAM foca a mulher misteriosa de preto olhando de longe.

 

LAWRENCE – (MICROFONE) Primeiramente quero agradecer a presença de todos vocês, caros amigos, e dizer que é um enorme prazer recebê-los na minha casa. Muito obrigado.

 

Todos aplaudem. Lawrence sorri, agradecido. Letitia mais ao lado, forçando um sorriso.

 

LAWRENCE – (MICROFONE) Essa festa abre oficialmente a temporada de inverno em Nova Iorque, e claro além desse motivo, eu tenho outro muito especial para comemorar. E eu queria dividi-lo com todos vocês. (SE VIRA) Letitia?

 

Letitia se aproxima do marido e eles se dão as mãos. Emocionado, Lawrence segue discursando.

 

LAWRENCE – (MICROFONE) Quero anunciar com toda a alegria que eu e minha esposa teremos nosso terceiro filho.

 

CLOSE nas reações surpresas dos convidados. Lawrence abraça Letitia e a beija.

 

LAWRENCE – (MICROFONE) Pode soltar a música.

 

 

 

 

Os convidados começam a dançar pelo salão. Lawrence e Letitia descem a escadaria e vão recebendo as felicitações. Dianne abraça o filho e em seguida Letitia, com os olhos cheios de lágrimas.

 

DIANNE – Meus parabéns, queridos! Que notícia espetacular! Mal posso esperar para o nascimento do meu bisneto, quero estar viva para vê-lo correr por essa casa.

 

LETITIA – (SECA) Obrigada, dona Dianne.

 

DIANNE – (PASSA A MÃO NA CABEÇA DELA) E que vingue dessa vez, hein Letitia!

 

CORTA PARA Sean puxando Jessica para o centro do salão. Ele a agarra pela cintura.

 

JESSICA – (SEM GRAÇA) O que está fazendo?

 

SEAN – Vamos dançar Jessica, vamos comemorar o nosso momento juntos.

 

JESSICA – (OLHA PROS LADOS) Eu não posso Sean! Meu pai pode ver! Ou até mesmo o Blake!

 

SEAN – Deixa-os pra lá, afinal você é ou não é uma mulher independente?

 

JESSICA – (ANIMADA) Tem razão, fodam-se todos aqueles que me amordaçam.

 

E os dois começam a dançar no ritmo da música. Em segundo plano, Blake observa o casal enquanto bebe um copo de vodca. CORTA PARA a mulher mascarada de preto perto do chafariz, tocando o gelo com a mão, bastante curiosa. Lawrence e Letitia aproximam-se e ela limpa o gelo que ficou na mão.

 

LAWRENCE – Mas veja só se não é a mulher mais misteriosa da noite. Como vai senhorita? É um prazer tê-la aqui. Ou melhor, seria se eu soubesse quem se esconde atrás da máscara.

 

Com calma, a mulher retira a máscara do rosto e se revela para eles: é Violet! Violet solta o grampo dos cabelos e sorri cínica.

 

VIOLET – E agora, é um prazer ou não é?

 

LETITIA – (SURPRESA) Violet?

 

Lawrence range os dentes de raiva.

 

LAWRENCE – (GROSSO) Saia daqui Letitia, agora.

 

Violet concorda com a cabeça e Letitia sai, visivelmente perturbada. Lawrence encara Violet, que sorri para ele.

 

VIOLET – Surpreso em me ver, Lawrence?

 

LAWRENCE – (NERVOSO) Como, hum? Como?! Como você conseguiu sair daquela cova? Eu me certifiquei de tudo!

 

VIOLET – Esse é um mistério que você terá de descobrir sozinho, doutor! (RI) Assim como você, eu também tenho amigos. E muitos amigos.

 

LAWRENCE – (SEGURA NO BRAÇO DELA) Retire-se imediatamente da minha casa, eu estou ordenando.

 

VIOLET – (SE SOLTA) Eu não vou sair, e nem tente me expulsar, sabe por quê? Por que agora eu é que vou te destruir, seu merda! Quem está com as cartas sou eu. E eu vou fazer o impossível pra te colocar na cadeia por todos os seus crimes.

 

Violet o encara, põe a máscara e sai. CLOSE em Lawrence, irado. CORTA PARA a mesa das bebidas. Sean serve um copo de ponche quando Blake aproxima-se dele, ameaçador.

 

BLAKE – Com licença?

 

SEAN – Sim?

 

BLAKE – (TIRA O COPO DA MÃO DELE) Deixa que eu levo pra ela.

 

SEAN – Do que está falando? Você não pode pegar as coisas da minha mão meu irmão! Nem te conheço! Qual é a tua?

 

BLAKE – A minha? Eu é que lhe pergunto! Qual é a tua com a MINHA mulher? Hum? Seu bandidinho de merda! Acha que eu não conheço a tua laia?

 

SEAN – Agora eu entendi, você é o ex-marido da Jessica.

 

BLAKE – Olha lá como fala, ela é minha esposa, não assinei nenhum papel. O que você quer, hum? Seduzi-la atrás de dinheiro? Só pode ser!

 

SEAN – Eu estou gostando da Jessica de verdade, estamos nos conhecendo melhor.

 

BLAKE – (ACHA GRAÇA) Ah sim. (ENFIA A MÃO NO PEITO DELE) Escuta uma coisa, não vou deixar você crescer pra cima dela não. Quero que se afaste dela antes que eu...

 

SEAN – (AUMENTA O TOM DE VOZ) Antes que você o que? Ela gosta de mim, cara! E eu gosto dela, e por isso não vou me afastar. Você não me mete medo!

 

BLAKE – Vem aqui que eu vou te mostrar o que vai te deixar com medo!

 

Quando Blake vai se aproximar de Sean, Jessica aparece e se enfia no meio dos dois, afoita.

 

JESSICA – Blake! Sean! O que está acontecendo aqui? Vocês estão brigando? Parem já com isso.

 

SEAN – O seu marido veio aqui mandar eu me afastar de ti Jessica, ele acha que eu quero o seu dinheiro.

 

BLAKE – (DESESPERADO) Ele é um bandido Jessica, vive na rua, é um drogado! Por favor, não caia na lábia dele.

 

JESSICA – Quem é você pra dizer com quem eu devo me envolver? Eu gosto do Sean. Ele me faz bem, ao contrário de você. Entenda uma coisa, Blake: tudo que tínhamos se foi por que você foi desonesto comigo. Para de atazanar minha vida e vá viver a sua, deixa o Sean em paz!

 

BLAKE – Jessica/...

 

E Jessica sai junto de Sean. Blake joga o corpo de uísque no chão, com ódio.

1.08 - QUE CAIAM AS MÁSCARAS

INTERVALO COMERCIAL

INTERVALO COMERCIAL

CENA 11. MANSÃO DOS ADDAMS. JARDIM. EXT. NOITE.

 

Vários carros da polícia espalhados pelo jardim. Os convidados da festa vão sendo guiados até a saída por Martinez e os seguranças. A delegada Kendra anda de um lado pro outro, com a arma em punhos. Ela se aproxima de Larry e outros três policiais.

 

KENDRA – Organizem grupos de busca por toda a vizinhança. Ben deve estar muito próximo daqui. Temos a chance de pegá-lo, portanto depressa.

 

LARRY – Entendido.

 

E eles saem rapidamente. Kendra respira fundo e põe as mãos na cintura. CORTA PARA Alison Banks em cima de uma maca, sendo levada até uma ambulância. Paul segurando a mão dela, a acompanha, preocupado.

 

PAUL – Vai ficar tudo bem meu amor.

 

ALISON – (FRACA) Eu vou morrer, não vou Paul? Não me deixe morrer. Eu imploro. Tire essa bala de dentro de mim.

 

PAUL – Eles vão fazer o possível! Confia!

 

Alison fecha os olhos e é colocada dentro da ambulância. CLOSE em Paul, preocupado.

 

CENA 12. MANSÃO DOS ADDAMS. SALA. INT. NOITE.

 

Os empregados limpando as mesas de comida. Pessoas contratadas retiram a decoração da casa. No centro da sala, a delegada Kendra conversa com Dianne, Jessica, Cotton, Letitia e Lawrence, este último bastante alterado.

 

LAWRENCE – (ALTO) Eu quero uma explicação delegada. Eu exijo saber os motivos que a levaram a invadir a minha festa particular e sair dando tiros para o alto. Isso é invasão de privacidade. (APONTA) Eu vou lhe processar.

 

DIANNE – Mantenha a calma, meu filho. Com certeza a delegada tem muita coisa a falar.

 

KENDRA – Me desculpem o tumulto, mas tudo isso aconteceu por causa do Ben. Por causa do seu filho.

 

LAWRENCE – O meu filho? (OLHA EM VOLTA) Onde está ele? Hum? Letitia, vá chamar o Ben, imediatamente.

 

LETITIA – (INCRÉDULA) Não o encontro em lugar nenhum.

 

KENDRA – O senhores devem estar sabendo de um criminoso que anda agindo assassinando prostitutas e jovens da cidade, correto?

 

COTTON – (CONCORDA) Uma alma perdida.

 

LAWRENCE – E o que isso tem a ver com meu filho?

 

KENDRA – O seu filho… é ele. Ben é o homem que estávamos procurando a meses. Depois de uma série de investigações, nós chegamos ao seu filho.

 

LAWRENCE – (PASMO) O Ben? Um assassino? Isso não pode ser verdade.

 

KENDRA – Ele está sendo acusado de uma série de crimes, desde sequestro, cárcere privado, homicídio, estupro e pedofilia.

 

LAWRENCE – (GRITA) Mentira! Calúnia! Meu filho é um bom rapaz, ele estuda medicina. Vai ser tão importante quanto eu. Retire todas essas acusações absurdas contra ele.

 

KENDRA – Eu sei que é difícil de aceitar, mas é a verdade. Ben é um assassino, Lawrence. (RESPIRA) Vocês não andavam achando ele esquisito ultimamente?

 

JESSICA – (POR CIMA) Sim, estávamos. Ele estava diferente, mais sério. Raramente ficava em casa.

 

DIANNE – Nós desconfiávamos de uma namorada, afinal ele ia muito para nossa casa de praia em Hamptons.

 

KENDRA – Foi nos noticiado um desaparecimento de uma menina chamada Mandy, que trabalhava numa boate no centro da cidade. Ela foi encontrada por dois policiais a poucos dias atrás, estava ferida, fraca, provavelmente torturada. Ela era mais uma vítima do assassino. Mais uma vítima de Ben.

 

LAWRENCE – (PÕE AS MÃOS NA CABEÇA) Não pode ser…

 

KENDRA – No hospital ela nos fez um retrato falado do seu torturador. Era ele, era o seu filho doutor Lawrence. (PAUSA) Por acaso sabem o que a sua casa de praia virou? Estivemos lá. O porão virou uma espécie e câmera de tortura, com muito sangue, correntes e cordas. Era lá que ele cometia o terror sexual e psicológico com a menina.

 

LAWRENCE – (EMOCIONADO) Então está querendo dizer que o meu garoto… O menino que eu criei… Que ele é um monstro, é isso? Um assassino frio e calculista. Um… (ENGASGA) Fugitivo.

 

KENDRA – Era por isso que estávamos aqui. (PAUSA) O juiz expediu o pedido de prisão para ele. Jamais imaginávamos causar tanto transtorno, mil desculpas. (SUSPIRA) Mas Benjamin conseguiu fugir, e pode estar por aí, cometendo mais um crime.

 

Letitia fecha os olhos e deixa lágrimas rolarem pelo seu rosto. Ela limpa as lágrimas com a mão e sai do local, subindo para o segundo andar. Dianne se afasta dos outros e vai atrás dela.

 

LAWRENCE – Ainda não consigo acreditar. (PAUSA) O meu filho é um assassino…

 

KENDRA – E nós vamos encontra-lo. E vamos prendê-lo para fazer justiça a todos que ele tirou a vida. Ele merece pagar pelo que fez.

 

LAWRENCE – (RESPIRA FUNDO) Faça o que for possível para que ele pague.

 

Kendra olha surpresa para Lawrence. Lawrence a encara e sai, entrando em seu escritório. Kendra sorri discretamente e sai da mansão.

 

CENA 13. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INT. NOITE.

 

Letitia entra aos prantos e se joga na cama. Ela acomoda a cabeça contra o travesseiro e desaba em lágrimas. Dianne entra atrás da nora e se senta ao lado dela, penalizada.

 

DIANNE – Letitia…

 

LETITIA – (CORTA) Me deixe sozinha Dianne, por favor.

 

DIANNE – Nós precisamos conversar sobre tudo isso. Não é sua culpa, querida. É culpa dele. Do assassino que ele se tornou.

 

Letitia ergue a cabeça e se senta junto da sogra.

 

LETITIA – É minha culpa, Dianne. É tudo minha culpa. Eu não dei ao Ben a educação que ele precisava e fiz com que ele e tornasse um monstro. (PAUSA) Você sabe o que eu fiz com ele quando ele ainda era pequeno.

 

DIANNE – Você não pode se culpar dessa forma, é injusto consigo mesma.

 

LETITIA – (CHORA) Por que tudo acontece dessa forma Dianne? Qual o problema com a nossa família? A vida é dura demais comigo. Você não sabe o quão difícil é saber que o filho que você gerou por nove meses na barriga é um maníaco. É como se toda a educação que você tivesse dado não tivesse valido a pena. Eu me sinto impotente. Ele nos enganou todos esses anos.

 

DIANNE – É aquele ditado… Você pode enganar poucas pessoas muito tempo, ou muitas pessoas pouco tempo. Mas não pode enganar todo mundo o tempo todo.

 

CENA 14. CASA DOS FLORRICK. COZINHA. INT. NOITE.

 

A maçaneta da porta gira e Ben entra, nervoso, suando muito. Ele tranca a porta e se escora contra ela.

 

BEN – Merda… (BAIXO) Isso não podia ter acontecido. Aquela vadia… Eu não consigo entender.

 

Ben olha em cima da bancada da cozinha três facas grandes e afiadas presas a um suporte. Ele vai até lá e pega uma das facas.

 

BEN – Eu não vou ser preso. Eles não sabem com quem eles estão lidando. Alguém vai ter que pagar.

 

CLOSE em Bem olhando fixamente para a lâmina da faca.

 

CENA 15. CASA DOS FLORRICK. QUARTO DE RYAN. INT. NOITE.

 

Ryan está deitado em sua cama quando ouve barulhos de sirene da polícia. Ele se levanta, assustado, e vai até a janela. Ryan afasta a cortina e vê a movimentação no jardim dos Addams.

 

RYAN – Mas o que está acontecendo…

 

Quando Ryan dá um passo para trás, sente a ponta de uma faca nas suas costas. Ele fecha os olhos, assustado. Ben está ali.

 

BEN – Fica calado e coloca as duas mãos para trás senão eu te mato agora mesmo. Um grito que for, e eu termino com a sua vida maldita.

 

Ryan concorda e coloca as mãos para trás. Ben passa a faca pelo pescoço dele com uma mão e alisa suas nádegas com a outra. O menino derrama algumas lágrimas, enquanto Ben sorri, se divertindo com a situação.

 

CENA 16. MANSÃO DOS ADDAMS. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.

 

Lawrence sentado em sua poltrona, de costas para a porta, olhando o jardim pela janela. Ele segura um copo de uísque e dá uns goles. Batidas na porta. Lawrence se vira e Paul entra, apressado.

 

PAUL – Lawrence, posso falar com você?

 

LAWRENCE – Claro Paul, sente-se.

 

Paul concorda e senta uma cadeira na frente da mesa de Lawrence.

 

PAUL – Eu sei que sua família está passando por um momento delicado, mas achei necessário falar com você sobre algo que vi na festa e acho bastante importante.

 

LAWRENCE – E do que se trata?

 

PAUL – É sobre a sua filha Jessica.

 

LAWRENCE – (ESTRANHA) E qual é o problema com ela?

 

PAUL – O problema se chama Sean. Meu sobrinho, Sean Banks, filho de meu irmão chamado Julian, falecido em 2008.

 

LAWRENCE – (LEMBRA) Acho que conheço essa história. O menino que você criou e acabou se entregando as drogas, correto? Mas o que esse rapaz tem a ver com a minha filha?

 

PAUL – Sean estava nessa festa esta noite.

 

LAWRENCE – (SURPRESO) O que?

 

PAUL – E o pior, com a sua filha. Juntos, como um casal.

 

LAWRENCE – Impossível. Blake estava aqui, ele anda é marido de Jessica, ela jamais faria isso.

 

PAUL – Eu presumo que Jessica esteja envolvida por Sean, e por isso vim falar com você. Sean é um marginal, Lawrence. É um rapaz sem futuro, sem eira nem beira. Não pode oferecer condição nenhum para Jessica. Sugiro que converse com sua filha sobre essa situação para evitar mais um problema.

 

LAWRENCE – (CONCORDA) Eu vou falar sim Paul, muito obrigado pela informação. Por mais que ele seja seu sobrinho e único herdeiro do seu dinheiro, realmente é um sujeito perigoso e sem condições. Precisarei falar com Jessica.

 

PAUL – (SORRI) Tudo bem.

 

CENA 17. ESTRADA. EXT. NOITE.

 

Sean anda solitário por uma sombria estrada nova iorquina. Com as mãos nos bolsos, ele está pensativo e bastante triste. É quando um carro surge em direção de Sean e estaciona na frente dele. O vidro do carro se abaixa e Sean se aproxima, olhando lá dentro. É Blake.

 

SEAN – Você aqui?

 

BLAKE – Eu precisava falar contigo, rapaz. Sobre a Jessica.

 

SEAN – Veja, eu sei você é o marido dela, eu sei que ainda é apaixonado por ela, mas… eu me afastei de Jessica. Da maneira que você queria. Eu percebi que nossos mundos são extremamente diferentes.

 

BLAKE – Sábia decisão, Sean. É esse seu nome, não? Sean… Sean Banks…

 

SEAN – Como sabe meu sobrenome?

 

BLAKE – Eu sei mais sobre você do que você imagina, seu riquinho drogado de meia tigela.

 

SEAN – Eu não quero saber do dinheiro do meu tio. Muito pelo contrário. Eu vivo afastado dele por que detesto essa vida de glamour e mentira que ele vive.

 

BLAKE – Pouco me interessa seus problemas com seu tio. Fique bem avisado, não se aproxima de Jessica nunca mais. Ela é minha. E eu farei o necessário para reconquistá-la.

 

Blake engata o carro e acelera, quase derrubando Sean no chão. Sean balança a cabeça negativamente e segue andando.

 

CENA 18. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE JESSICA. INT. NOITE.

 

De roupão, Jessica penteia os cabelos molhados na frente de sua penteadeira. Lawrence bate na porta e entra.

 

LAWRENCE – Posso entrar?

 

JESSICA – Já entrou.

 

LAWRENCE – (SE APROXIMA) Minha filha, precisamos conversar. E o assunto é sério.

 

JESSICA – (SE LEVANTA) É sobre o Ben? Eu confesso que ainda estou chocada ao saber a verdade sobre ele. Eu sempre o vi como um rapaz estranho, mas um assassino? Jamais.

 

LAWRENCE – Não é sobre o Ben. É sobre você mesma.

 

JESSICA – (RESMUNGA) Ai, lá vem o doutor Lawrence querendo cagar suas regras pra cima de mim.

 

LAWRENCE – Eu vim falar com você sobre um rapaz chamado Sean Banks, que estava nessa casa hoje. (PAUSA) Você sabe quem é esse rapaz?

 

JESSICA – (ENCARA) É um amigo, um rapaz bom, educado e de bom gosto. Tem algum problema eu trazer amigos para casa?

 

LAWRENCE – Não se faça de sonsa Jessica. Você sabe muito bem quem ele é. Ele é sobrinho do senador Paul Banks. Esse garoto ele… ele é perigoso Jessica. Ele é metido no mundo das drogas, é um criminoso.

 

JESSICA – (ALTO) É mentira, ele é um bom homem. E eu gosto dele, achei ele bacana.

 

LAWRENCE – Pois eu te proíbo de encontrar com ele novamente. Se já não bastasse um filho assassino, não vou suportar uma filha envolvida com moradores de rua.

 

JESSICA – Você não me controla pai, eu vou continuar encontrando Sean o senhor queira ou não.

 

LAWRENCE – Vamos ver se eu não te controlo.

 

Lawrence encara a filha e sai do quarto. Jessica dá um soco na cama, irritada.

 

CENA 20. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE JESSICA. INT. NOITE.

 

Jessica parada contra a sacada de seu quarto, olhando o jardim da mansão. Batem na porta, mas Jessica continua imóvel. Dianne entra e se aproxima da neta, com cautela.

 

DIANNE – Querida?

 

JESSICA – (OLHA) Olá vovó.

 

DIANNE – Quer conversar sobre o que descobrimos sobre seu irmão na noite de hoje?

 

JESSICA – Não. (SUSPIRA) De alguma maneira eu já imaginava que algo estivesse errado com Ben. Mas eu jamais poderia adivinhar que ele fosse um pedófilo assassino.

 

DIANNE – (CONCORDA) É. Sabe Jessica, hoje foi uma noite bastante difícil para nossa família. Uma noite que mudou bastante coisa. Letitia está grávida, Ben é procurado pela polícia... Mas eu sinto que há algo de errado com você. No seu interior.

 

JESSICA – Talvez tenha mesmo.

 

DIANNE – E você quer falar sobre isso?

 

JESSICA – Acho que não vovó. Infelizmente é tarde demais para se lamentar. O erro já foi cometido.

 

DIANNE – Eu sou sua avó, Jessica. Você sabe que pode falar o que quiser pra mim. (SORRI) Talvez eu seja a única alma que se preocupe com os outros na família. (PAUSA) Ande, fale.

 

JESSICA – (SECA) Eu me apaixonei por alguém que eu sequer imaginava. E agora essa paixão não pode acontecer. É isso.

 

DIANNE – E por que não pode acontecer?

 

JESSICA – Pelas barreiras sociais. Não que ele seja pobre... Ele não é. Ele tem muito dinheiro. Mas ele abdicou de viver com esse dinheiro para viver uma vida independente num lugar nada apropriado. E agora papai o considera perigoso. E me quer longe dele.

 

DIANNE – Querida, posso te dar um conselho de mulher que já viveu muita coisa nessa vida?

 

JESSICA – Eu estou morta por um conselho seu, por favor.

 

DIANNE – Fodam-se.

 

Jessica não aguenta e cai na gargalhada. Dianne também ri.

 

DIANNE – (RI) O que foi?

 

JESSICA – Eu peço conselho e a senhora me manda um “fodam-se”? Ai vovó, jamais ouvi essa expressão sair da sua boca.

 

DIANNE – Mas eu estou falando sério. Jessica, eu já perdi muita coisa na vida por acreditar nas coisas que os outros diziam e deixar de seguir meu coração. Siga o seu. Se você ama esse rapaz, vá atrás dele. Ultrapasse todas as barreiras, mas viva esse amor. Você merece depois de tudo que passou.

 

Dianne dá um beijo na testa da neta e sai do quarto. CLOSE em Jessica, pensativa.

 

CENA 21. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INT. NOITE.

 

Letitia deitada em sua cama, lendo um livro apoiada contra um travesseiro. Apenas o abajur ao lado dela está ligado. Lawrence bate na porta e entra. Letitia fecha o livro.

 

LETITIA – O que quer aqui?

 

LAWRENCE – (CRUZA OS BRAÇOS) Quero falar sobre Violet Langdon.

 

LETITIA – Eu achei que você tivesse a matado.

 

LAWRENCE – É, eu tentei. Mas ela sobreviveu. Eu não sei como, mas ela sobreviveu. Por isso vou apenas te fazer uma pergunta... Foi você Letitia? Você ajudou a Violet?

 

LETITIA – (RÁPIDA) Não! Eu não fiz isso, afinal passei o tempo todo trancada dentro do quarto. Mas desejaria ter feito.

 

LAWRENCE – O negócio é o seguinte, agora que ela está de volta, ela sabe que eu não posso fazer nada contra ela novamente, mas se você voltar a procurar essa mulher, eu mato você. E esse bebê dentro de você.

 

LETITIA – (PASMA) Você não seria capaz.

 

LAWRENCE – (ENCARA) Você nem imagina o quanto.

 

Quando Lawrence vai sair, Letitia se levanta da cama.

 

LETITIA – E sobre o Benjamin?

 

Lawrence fecha os olhos e se vira, irritado.

 

LAWRENCE – Sabe de quem é culpa disso? (APONTA) É sua. E você sabe. Você é a culpada dele ter se tornado esse monstro.

 

LETITIA – Ele se tornou esse monstro por que teve o pai como exemplo.

 

LAWRENCE – Você nunca deu amor ao Ben, sempre chorou por causa da Amy, e da Amy... Você foi uma péssima mãe Letitia. E se o nosso filho é um homem procurado pela polícia, você deve culpar apenas a si mesma.

 

LETITIA – Todos os meus ensinamentos e conselhos para Ben na infância/...

 

LAWRENCE – (POR CIMA) Foram um verdadeiro fracasso. Você é um fracasso como mãe e mulher. Mas ainda sim é minha. E Violet nenhuma vai tirá-la de mim.

 

LETITIA – Eu amo a Violet. E isso você não pode mudar.

 

LAWRENCE – (SORRI) Você acha?

 

Lawrence encara a esposa e sai do quarto, batendo a porta com força. Letitia põe a mão no peito, assustada.

 

CENA 22. CASEBRE DE SEAN. INT. NOITE.

 

O local é pequeno, sem reboco por dentro, apenas com um sofá velho, uma bancada com televisão, uma mesa, uma pia e uma geladeira pichada. Sean está deitado no sofá, segurando uma medalha nas mãos. Ele ouve batidas na porta e estranha. Sean retira uma arma debaixo do sofá e vai até a porta com calma. Quando ele abre, dá de cara com Jessica. Rapidamente, Sean joga a arma atrás da porta.

 

SEAN – (SURPRESO) Jessica? Você aqui?

 

JESSICA – Eu precisava fazer uma coisa. E tinha que te encontrar. Eu subi até aqui apenas para dizer que...

 

SEAN – Dizer o que?

 

JESSICA – Que eu acho que estou apaixonada por ti Sean. E não interessa o que seu tio e meu pai digam, muito menos Blake. Eu quero viver pra ver se vale a pena.

 

SEAN – Você tem certeza?

 

JESSICA – Se tivesse não teria vindo até uma favela a essa hora da noite de dizer isso, seu panaca.

 

 

 

Jessica o agarra e dá um beijo. Sean corresponde e traz Jessica pra dentro do casebre. Ele fecha a porta com o pé e empurra Jessica contra o sofá. Jessica tira a blusa e fica de sutiã na frente de Sean. Sean sorri e tira a camisa. Jessica desabotoa o sutiã e chama ele com o dedo. Sean lambe os lábios e se joga em cima de Jessica. Eles vão se agarrando com calor e ferocidade.

 

CENA 23. NOVA IORQUE. CENAS PANORÂMICAS. EXT. NOITE.

 

(Música da cena anterior continua)

 

CÂMERA abre no rosto da estátua da liberdade e vai dando um plano geral no monumento. CORTA PARA as avenudas cheias da cidade e os arranha-céus dos prédios.

 

CENA 24. CASA DOS FLORRICK. SALA. INT. NOITE.

 

Sarah e Wayne na sala. Ela vai tirando os brincos e coloca em cima da mesa. Wayne tira o paletó e joga no sofá.

 

WAYNE – Eu estou extremamente perplexo com o que descobrimos sobre o Ben. Um assassino? Quem adivinharia Sarah? Ele sempre aparentou ser uma pessoa correta, de princípios, como pudemos nos enganar?

 

SARAH – Coitada da Letitia. É triste para uma mãe ver o filho degringolar dessa forma. Amanhã vou fazer uma visita.

 

WAYNE – Deixamos esse cretino entrar na nossa casa. Deixamos ele se envolver com o nosso filho!

 

SARAH – (PENSA) Wayne, será que o motivo pelo qual Ryan anda esquisito não seja por culpa do Ben? Afinal, eles foram pescar juntos.

 

WAYNE – Pode ser...

 

SARAH – Eu vou falar com ele.

 

Wayne concorda e Sarah sobe para o segundo andar.

 

CENA 25. CASA DOS FLORRICK. CORREDOR. INT. NOITE.

 

 

 

Sarah caminha pelo corredor em direção ao quarto do filho, que é a última porta a esquerda.

 

SARAH – (CHAMA) Ryan?

 

Sarah para um instante e franze a testa.

 

SARAH – (ALTO) Ryan? Me responde meu filho, você está aí?

 

Receosa, ela chega até a porta do quarto do filho e coloca a mão na maçaneta.

 

CENA 26. CASA DOS FLORRICK. GARAGEM. INT. NOITE.

 

(Música da cena anterior continua)

 

Wayne abre a porta da garagem e liga a luz. Ele leva um susto quando não vê seu carro ali dentro.

 

WAYNE – Mas que merda...

 

Wayne entra na garagem e vê alguma coisa na parede. CLOSE na reação surpresa de Wayne.

 

WAYNE – (PERPLEXO) Não... (GRITA) Sarah!

 

E sai correndo da garagem, assustado. CÂMERA foca uma mensagem escrita de vermelho na parede: “ELE É MEU AGORA”.

 

CENA 27. CASA DOS FLORRICK. SALA. INT. NOITE.

 

(Música da cena anterior continua)

 

Sarah desce as escadas chorando, em completo desespero, e encontra Wayne, que vem da garagem. Ela se joga nos braços do marido.

 

SARAH – (COM MEDO) Ele não está no quarto Wayne! Ele sumiu! O Ryan não está me lugar nenhum!

 

Wayne abraça a esposa e ela chora em seu ombro. Wayne passa a mão pelos cabelos dela.

 

WAYNE – Ele esteve aqui.

 

SARAH – (OLHA PARA ELE) Quem?

 

Wayne e Sarah se encaram.

 

CENA 28. CASA DOS FLORRICK. FRENTE. EXT. NOITE.

 

(Música da cena anterior continua)

 

Sarah sai correndo porta afora e se joga de joelhos na grama, chorando e gritando muito. Wayne vem atrás dela.

 

SARAH – (BERRA) Ryan! Não... Ryan! Meu filho...

 

Wayne se ajoelha ao lado da esposa e também chora. Sarah deita no colo do marido, sem saber o que fazer. A CÂMERA vai se afastando mostrando plano geral do casal.

 

CENA 29. ESTRADA. EXT. AMANHECER.

 

(Música da cena anterior continua)

 

CÂMERA acompanha as rodas de um carro deslizando pelo asfalto de uma solitária estrada da cidade, rodeada por uma floresta. O dia já está raiando e os raios do sol refletem no para-brisa do automóvel. CORTA PARA dentro do automóvel. Ben está com as duas mãos no volante. CLOSE em seu rosto tranquilo. Ele olha para o banco de trás pelo espelho de cima e vê Ryan todo amarrado, sem consciência, jogado no banco. Ben sorri e segue dirigindo pela estrada. CORTA PARA a estrada. O carro que Ben está dirigindo vai sendo guiado e a CÂMERA se afasta devagar mostrando o tamanho da estrada e o carro cada vez menor, desaparecendo de vista. FADE OUT.

 

 

– FIM DO EPISÓDIO –

 

 

ESTRELANDO

 

PETER KRAUSE como Lawrence Addams

CONNIE BRITTON como Letitia Addams

EVAN PETERS como Ben Addams

ALEXANDRA BRECKENRIDGE como Jessica Addams

GLENN FITZGERALD como Cotton Addams

PIPER PERABO como Mabel Hargensen

RYAN MERRIMAN como Blake Morgan

COURTENEY COX como Violet Langdon

JESSICA LANGE como Dianne Addams

 

ATORES CONVIDADOS

 

MAX THIEROT como Sean Banks

CHAD LOWE como Wayne Florrick

MELISSA McBRIDE como Sarah Florrick

DAKOTA GOYO como Ryan Florrick

BREE WILLIAMSON como Kendra Parker

ADAM RODRIGUEZ como Martinez

 

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

 

MARK MOSES como Senador Paul Banks

BRENDA STRONG como Alison Banks

LAZ ALONSO como Larry

 

MÚSICAS DO EPISÓDIO

 

NA NA HEY HEY KISS HIM GOODBYE by Steam

WHERE DID OUR LOVE GO by The Supremes

HONEY by Bobby Goldsboro

TIME OF THE SEASON by The Zombies

THE DEVIL WHITIN by Digital Daggers

CENA 19. APATAMENTO DE VIOLET. SALA. INT. NOITE.

 

CÂMERA acompanha os pés descalços de Violet caminhando ao redor da sala. Uma segunda pessoa está sentada no sofá. FOCO em suas mãos segurando uma xícara de café. Tratam-se de mãos femininas.

 

VIOLET – Você não sabe o que aconteceu na mansão dos Addams hoje.

 

Violet se senta no sofá e fica de frente para a pessoa, que não se revela por enquanto.

 

VIOLET – (SORRI) Foi muito bom olhar na cara daquele homem depois de tudo que ele me fez. Depois dele pensar que havia me matado. (SUSPIRA) Mas fique tranquila, nós vamos dar o troco nele. Vamos coloca-lo na cadeia por seus crimes.

 

Violet pega nas mãos da pessoa, amorosa.

 

VIOLET – Eu ainda nem te agradeci direito pelo que fez por mim, me tirando daquele caixão. Se você não tivesse seguido o Lawrence, hoje eu estaria morta e ninguém jamais me encontraria. Eu te devo a minha vida.

 

CÂMERA dá um giro de 360º e mostra que a pessoa que está na frente de Violet é Mabel. Mabel alisa a mão de Violet e sorri para ela.

 

MABEL – Não precisa agradecer querida. Eu fiz o que achava certo. Se eu não tivesse te salvado, não estaríamos aqui juntas.

 

VIOLET – Nós temos que destruir aquele homem o quanto antes. E o momento é agora. Ele está fragilizado com essa história do filho.

 

MABEL – (BEBE O CAFÉ) É como dizem, tal pai tal filho.

 

VIOLET – (ESTRANHA) Mas eu estou notando uma expressão de tristeza em seu rosto. Aconteceu alguma coisa?

 

MABEL – (BAIXA OS OLHOS) Não, não aconteceu nada.

 

VIOLET – Ei, Mabel, você está me escondendo algo? Você pode confiar em mim, esqueceu? Somos mais do que amigas agora. Somos irmãs uma da outra.

 

MABEL – Acho que não quero falar sobre isso agora Violet.

 

VIOLET – Por favor, desabafe, é melhor do que ficar guardando esses sentimentos ruins dentro do seu coração.

 

Mabel coloca a xícara de café sobre a mesa de centro e respira, aflita.

 

MABEL – É em relação a vingança. Eu não estou segura quanto a isso.

 

VIOLET – Qual o problema?

 

MABEL – Eu sei que você quer destruir esse homem mais que tudo, eu também quero, mas… Eu amo o Cotton. E no momento em que colocarmos a verdade na mesa, Cotton vai se prejudicar. E eu não sei se serei capaz de aguentar.

 

VIOLET – Você quer desistir, é isso?

 

MABEL – Não! Eu quero o Lawrence da cadeia. Mas não posso envolver o Cotton nisso.

 

VIOLET – Mabel, tem certeza que quer fazer isso? Você não precisa. Eu posso fazer sozinha. Viva sua vida ao lado do Cotton. Se entregue a ele. Deixe que eu cuido disso.

 

MABEL – Não, não posso. Preciso te ajudar, é questão de honra.

 

VIOLET – Você tem de pensar Mabel. Eu não tenho mais nada a perder. Aquele homem me tirou tudo. Já você, tem muita coisa a perder e nós duas sabemos.

 

MABEL –  (EM DÚVIDA) Você acha?

 

VIOLET – Pense no que estou te falando. Siga seu coração. Não quero que se prejudique pelas decisões que irei tomar.

 

Violet dá um beijo na bochecha dela, se levanta e sai. Close em Mabel, tensa.

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