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CENA 1. MOTEL. QUARTO. CÔMODO. INT. NOITE.

 

FADE IN nos olhos de Lawrence, com as pupilas dilatadas. A câmera gira em 360º e mostra Violet e Letitia nuas em cima da cama, desesperadas, tentando se enrolar em lençóis.

 

LETITIA – (TRÊMULA) Lawrence, fica calmo, não faz nada que vá se arrepender! Isso tem uma explicação!

 

LAWRENCE – (DESCONTROLADO) Explicação, sua vagabunda? A minha mulher, na cama, transando com outra mulher! (GRITA) Lésbica! Isso tem explicação?

 

LETITIA – (SE LEVANTA, ENROLADA NO LENÇOL) Vamos conversar.

 

LAWRENCE – (A EMPURRA NO CHÃO) Não tem o que conversar! Eu vou te matar, sua ordinária. Eu vou te matar!

 

Close em Letitia no chão, já chorando. Violet observa da cama. Lawrence se abaixa e pega Letitia pelos cabelos.

 

LAWRENCE – Eu te dei tudo... Eu te dei uma vida, uma família, um nome! E você me retribuiu com isso! Sua cachorra! Sua mal agradecida! Como você pode Letitia? Hum?

 

LETITIA – (COM MEDO) Me deixa explicar!

 

LAWRENCE – (SUSSURRA) Eu vou matar você, depois eu vou matar a sua namoradinha. É assim que vai ser. Igual eu fiz há 25 anos atrás, se lembra?

 

LETITIA – (CHORA) Para Lawrence! Pelo amor de Deus!

 

LAWRENCE – Ingrata!

 

Lawrence dá um soco no rosto de Letitia, que cai por cima de uma mesa e desaba no chão.

 

VIOLET – (GRITA) Não faz nada com ela!

 

Violet voa no pescoço de Lawrence pelas costas, tentando enforcá-lo. Lawrence puxa Violet pelo cabelo e joga a artista plástica contra a parede. Violet também cai no chão, zonza, e uma poça de sangue se forma perto de sua cabeça.

 

LETITIA – (GRITA) Violet!

 

Letitia tenta se levantar e Lawrence vai até ela, agarrando-a pelo braço.

 

LAWRENCE – Acabou Letitia! É o fim da linha!

 

LETITIA – (FRACA) Você pode me bater o quanto quiser, mas eu não te amo. Eu amo a Violet! (GRITA) Eu amo!

 

LAWRENCE – Você não sabe o que está dizendo! Você está maluca! Está descontrolada!

 

LETITIA – (GRITA) Eu te odeio Lawrence!

 

Furioso, Lawrence dá mais um soco na esposa, que cai na cama do motel, chorando. Lá fora, nota-se pela janela de que, aos poucos, o sol está se abrindo em Nova Iorque. Lawrence se aproxima de Violet.

 

LAWRENCE – Isso foi apenas o começo. O pior ainda está por vir. De agora em diante, eu vou transformar a tua vida num verdadeiro inferno. Você vai se arrepender de ter se metido na minha família.

 

Lawrence agarra Letitia de cima da cama e sai levando a esposa enrolada no lençol. CAM volta pra Violet no chão e dá close em seu rosto. FADE OUT.

CENA 17. CASA DE PRAIA DOS ADDAMS. EXT. DIA.

 

Mandy sai pela porta da casa trocando os pés e rola pela escada que dá acesso a praia. Ela se levanta suja de areia, e sai correndo em direção a civilização.

 

CENA 18. CASA DE PRAIA DOS ADDAMS. PORÃO. EXT. DIA.

 

Jackson continua apertando o pescoço de Ben. Ben estica seu braço e consegue pegar seu revólver. Ele dá uma coronhada na cabeça de Jackson, que o solta e acaba desmaiando. Ofegante, Ben consegue se levantar e aponta a arma para o corpo adormecido de Jackson.

 

BEN – (ENGATILHA) Lugar errado na hora errada.

 

E atira na cabeça do pescador. O sangue empoça junto ao corpo desfalecido. Ben verifica suas balas, põe a arma na cintura e sai do porão.

 

CENA 19. CARRO DE POLÍCIA. INT. DIA.

 

Dois policiais, um homem, que está na direção, e uma mulher, ao lado dele, andam por uma estrada asfaltada e conversam.

 

POLICIAL M. – (OLHA PARA FORA) Parece que vai chover, a tempestade está se formando. Você sabe o quanto eu detesto chuva!

 

POLICIAL H. – Você é muito dramática, Beverly, não sei como seu marido consegue agüentá-la. Se fosse eu, já havia me separado há muito tempo.

 

BEVERLY – Mas você jamais seria meu marido, Jermash! (RI) Nunca me casaria com você! Olha a sujeira que deixou dentro desse carro! A sua mulher é que é uma guerreira.

 

Quando Jermash vai responder, Mandy entra na estrada de surpresa, acenando para eles, mas ele não consegue parar e a atropela. Assustado, Jermash pisa no freio.

 

CENA 20. ESTRADA. EXT. DIA.

 

Jermash e Beverly saltam do carro. CAM segue um rastro de sangue no asfalto e revela Mandy jogada no chão, com os olhos arregalados. Beverly põe a mão no peito.

 

BEVERLY – Oh meu Deus, o que nós fizemos Jermash?

 

JERMASH – (PEGA O RÁDIO) Preciso ligar para uma ambulância.

 

E apressado, ele volta para o carro. Beverly fica olhando o corpo de Mandy, assustada. CAM mostra em segundo plano Ben, atrás de uma árvore, assistindo a cena. Ele sorri, satisfeito, e desaparece sem ser visto.

 

CENA 21. MANSÃO DOS ADDAMS. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

 

Lawrence, Jessica, Dianne, Cotton e Ben sentados em volta da mesa do café. A cadeira ao lado esquerdo de Lawrence, que é de Letitia, está vazia.

 

BEN – Você já está melhor, Jessica?

 

JESSICA – (CONCORDA) Sim, não sofri nenhum trauma interno no acidente, o que é uma sorte, mas vai ser complicado esquecer os momentos de terror que passei ao lado daquele homem lunático.

 

LAWRENCE – Eu ainda não engoli essa história de você sair com estranhos como se fosse uma garota de programa, minha filha. Precisamos conversar.

 

JESSICA – Papai, não me deixe irritada a essa hora da manhã, por favor. Eu já tenho idade suficiente para saber o que quero da minha vida.

 

LAWRENCE – Mas as pessoas comentam! O que você acha que pensam do fato de você ser uma mulher separada? Uma vergonha! Vou arrumar um marido pra você com urgência.

 

JESSICA – Não quero saber de homens agora, nem pense em fazer isso.

 

DIANNE – E Letitia onde está que não veio tomar café conosco?

 

LAWRENCE – (PIGARRA) Letitia? Acordou indisposta, achei de melhor grado levar café para ela na cama.

 

DIANNE – Ontem a noite ouvi algumas batidas na porta do quarto, olhei no relógio e vi que era de madrugada. O que aconteceu?

 

LAWRENCE – Devias estar sonhando, mamãe, só pode. Eu dormi com Letitia e não houve nada.

 

JESSICA – Dormiu é? Achei que vocês dormissem em camas separadas.

 

COTTON – (REPREENDE) Jessica!

 

JESSICA – O que?

 

LAWRENCE – (MUDA DE ASSUNTO) Bom, acho melhor que deixem Letitia dormir, vai ser melhor pra ela.

 

DIANNE – (NÃO SE IMPORTA) Que seja.

 

Cotton abre um jornal na mesa e Dianne o fuzila com os olhos.

 

DIANNE – Cotton, meu filho, feche este jornal. É falta de educação ler na mesa.

 

COTTON – (SÉRIO) Só estou querendo saber se não há nada de Mabel nos jornais. Ela anda quieta demais por esses dias.

 

LAWRENCE – E isso é um problema. Essa mulher calada é por que ela está aprontando alguma.

 

DIANNE – Mabel? Achei que esse desagradável problema havia sido solucionado.

 

LAWRENCE – E foi mamãe, mas nunca se sabe.

 

COTTON – (SURPRESO) Nossa, olhem isso...

 

JESSICA – (CURIOSA) O que foi?

 

COTTON – (VÊ NO JORNAL) Uma moça foi atropelada perto da nossa casa em Hamptons no inicio da madrugada. Aqui diz que ela se chama Mandy.

 

Ben se vira para seu tio, surpreso com a notícia.

 

BEN – (NERVOSO) Mandy? Quem é?

 

COTTON – Estão dizendo que a moça estava sendo torturada pelo mesmo assassino que andava cometendo crimes pela cidade, mas conseguiu fugir. Ainda não sabem quem é o sujeito.

 

BEN – E ela está morta, correto?

 

COTTON – Não, não, ela sobreviveu ao atropelamento, mas está em estado grave no hospital. A polícia espera que ela acorde logo para fazer o retrato falado do psicopata.

 

Ben deixa seus talheres caírem sobre a mesa, nervoso. Lawrence estranha.

 

LAWRENCE – Aconteceu alguma coisa filho?

 

BEN – (DISFARSA) Não, está tudo bem. (SORRI) Não foi nada.

 

Close em Ben.

 

CENA 22. MANSÃO DOS ADDAMS. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

 

Lawrence entra acompanhado de Martinez e mais dois seguranças. Ele tranca a porta e os encara.

 

MARTINEZ – Algum problema, patrão?

 

LAWRENCE – Sim, estamos com um problema. Na verdade eu os chamei aqui porque tenho um serviço que quero que realizem hoje.

 

MARTINEZ – Sem problemas, estamos aqui para fazer o que o senhor quiser.

 

LAWRENCE – Tudo vai acontecer mais tarde e precisamos agir com cautela, para que nada de errado aconteça. Eu estarei junto, então não se preocupem. Nós vamos meio que... Desaparecer com uma pessoa.

 

MARTINEZ – E de quem se trata?

 

LAWRENCE – (DETERMINADO) Violet Langdon. Se preparem, pois hoje à noite iremos matar Violet Langdon.

 

Os seguranças concordam com a cabeça. Martinez encara Lawrence. FADE OUT

CENA 2. MANSÃO DOS ADDAMS. EXT. DIA.

 

Plano geral da mansão dos Addams.

 

CENA 3. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INT. DIA.

 

Lawrence entra no quarto com Letitia e a joga contra o chão. Ela cai próxima a cama, nua, chorando muito.

 

LETITIA – (CHORANDO) Chega Lawrence!

 

Lawrence se aproxima de Letitia, a encarando, e ela se encolhe, com medo.

 

LAWRENCE – Como você teve coragem de fazer isso comigo, sua ingrata? Hum? Por quê? É isso que eu quero saber! (PAUSA) Se fosse com qualquer outro homem eu entenderia como eu já entendi uma vez, mas... Com uma mulher. Com aquela mulher!

 

LETITIA – Eu me apaixonei pela Violet, Lawrence.

 

LAWRENCE – Não, você está enfeitiçada por ela! Aquela mulher é um demônio! Ela é a culpada por tudo que está acontecendo na nossa vida!

 

LETITIA – (DERRAMA LÁGRIMAS) Eu não agüento mais esse casamento Lawrence. Eu quero ser livre, eu quero fugir de tudo que você construiu. Tudo isso é culpa sua.

 

LAWRENCE – (SE AJOELHA NA FRENTE DELA) Não ouse falar isso de um homem que lhe deu a vida. Você é minha! Entendeu? Minha!

 

LETITIA – (REBATE) Você não me ama! Nunca me amou! Apenas me tem como um objeto!

 

LAWRENCE – Nós temos uma vida inteira juntos, e eu não vou renegar disso tudo por causa de outra mulher. Da primeira vez eu perdoei, mas agora não vai ser assim. Acabou. A partir de agora, Letitia, a sua vida me pertence.

 

Lawrence se levanta e sai do quarto. Letitia limpa as lágrimas e corre até a porta, mas ouve o barulho da tranca.

 

LETITIA – (BATE NA PORTA) Abre essa porta! Você não pode fazer isso comigo! Lawrence!

 

CENA 4. MANSÃO DOS ADDAMS. CORREDOR. EXT. DIA.

 

Lawrence guarda a chave do quarto da esposa no bolso do paletó. Letitia bate na porta desesperadamente.

 

LETITIA – (EM OFF) Socorro!

 

LAWRENCE – (ALTO) Fique bem, querida.

 

O vilão sorri e sai caminhando pelo corredor. Câmera fica alguns segundos na porta do quarto.

 

CENA 5. CASA DOS FLORRICK. FRENTE. EXT. DIA.

 

O carro de Ben estaciona na frente da casa dos Florrick. Sarah sai pela porta, sorridente. Ben salta do veículo junto de Ryan, este abatido e sério.

 

SARAH – (FELIZ) Bom dia, meninos!

 

BEN – Prometi que voltávamos, não prometi Sarah?

 

Ben tira as mochilas da parte traseira do carro. Sarah abraça Ryan, que não tem nenhuma reação.

 

SARAH – (ALISA O ROSTO DELE) Está tudo bem, querido?

 

Ryan força um sorriso. Ben se aproxima deles e entrega a mochila de Ryan para Sarah.

 

SARAH – Ocorreu tudo bem? Vejo que o Ryan está bastante cansado.

 

BEN – Viagem demorada, não Ryan? O passeio foi espetacular. Diga para sua mãe o quanto você adorou a pescaria.

 

RYAN – (SÉRIO) Sim mamãe, não se preocupe. Foi tudo ótimo.

 

BEN – Então eu vou indo. A gente se vê Ryan.

 

RYAN – (CONCORDA) Ok.

 

SARAH – Obrigada, Ben!

 

Ryan pega a mochila e entra na casa. Ben sorri para Sarah e entra no carro.

 

CENA 6. CASA DOS FLORRICK. QUARTO DE RYAN. INT. DIA.

 

Ryan entra correndo em seu quarto e fecha a porta. Ela joga sua mochila no chão e deita na cama. O menino encosta a cabeça contra o travesseiro e começa a chorar. Close em Ryan.

 

CENA 7. HOSPITAL. EXT. DIA.

 

Plano geral do hospital da cidade.

 

CENA 8. HOSPITAL. QUARTO. INT. DIA.

 

Jessica organizando suas coisas numa mala para ir embora. Uma enfermeira junto dela escreve algo num prontuário.

 

ENFERMEIRA – Está tudo certo, você já pode ir. Tem alguém que virá buscá-la?

 

JESSICA – Meu pai, obrigada.

 

A enfermeira concorda e sai do quarto. Blake entra em seguida. Jessica põe sua maleta no chão.

 

JESSICA – Blake? O que você está fazendo aqui?

 

BLAKE – Soube logo cedo do acidente que sofreu ontem e fiquei preocupado. Achei que deveria vir te ver.

 

JESSICA – Obrigada.

 

BLAKE – Está tudo bem?

 

JESSICA – Graças a Deus. Já me deram alta, posso ir pra casa.

 

BLAKE – Quer carona?

 

JESSICA – Não precisa.

 

Jessica vai sair, mas Blake se coloca na frente dela.

 

BLAKE – Espera Jessica.

 

JESSICA – (SUSPIRA) O que foi? Já viu que estou ótima, quer mais o que? Bater papo? Tenha santa paciência, homem!

 

BLAKE – Você vai continuar assim, agindo feito uma maluca? Olha onde você se meteu Jessica! Você foi quase seqüestrada! Podia ter sido morta!

 

JESSICA – Eu sei muito bem cuidar da minha vida sem a sua interferência, mas agradeço a preocupação.

 

BLAKE – Você me odeia tanto assim?

 

JESSICA – Vou ser bem sincera, Blake. (PAUSA) Não, eu não te odeio. Achei que odiasse, mas, é diferente. É desprezo. Não ódio. Se quiser, continuo sua amiga. Agora mulher? Nunca mais. Perdi a confiança em você.

 

BLAKE – Só de ter do meu lado, mesmo como amiga, eu já acho ótimo.

 

JESSICA – Que bom. (BATE NO OMBRO DELE) Saúde, amado.

 

E Jessica sai do quarto, deixando Blake sozinho.

 

CENA 9. HAMPTONS. EXT. DIA.

 

Stock-shots rápido de Hamptons. CORTA PARA fachada da casa da praia dos Addams.

 

CENA 10. CASA DE PRAIA DOS ADDAMS. PORÃO. EXT. DIA.

 

O pescador junto de Mandy, esta já desamarrada, porém muito cansada. Ele lhe enrola com seu casaco.

 

PESCADOR – Você está muito machucada, menina. O que aconteceu com você?

 

MANDY – (FRACA) Esse homem... Ele.. Ele está tentando me matar! Ele está me mantendo aqui como se eu fosse um animal! Ele me tortura!

 

PESCADOR – (PASMO) Deus...

 

MANDY – O senhor precisa me ajudar! Precisa sair daqui e chamar a polícia!

 

PESCADOR – (AFIRMA) Eu vou te tirar daqui, fique calma, não vou deixar nada lhe acontecer, eu juro.

 

MANDY – Muito obrigada.

 

JACKSON – Pode me chamar de Jackson, se quiser.

 

Antes que Mandy responda, os dois começam a ouvir barulho de passos na parte de cima da casa. Mandy salta nervosa.

 

MANDY – (BAIXO) É ele!

 

JACKSON – Calma! Faça silêncio! Nós vamos resolver isso!

 

CENA 11. CASA DE PRAIA DOS ADDAMS. SALA. INT. DIA.

 

Ben bate a porta, nervoso. Ela põe a mão na cintura e começa a andar de um lado pro outro.

 

BEN – (BRAVO) Ele não vai falar nada... Ele não pode fazer isso... Eu o mato!

 

Ben dá um berro e vira a mesa de centro, derrubando tudo que há em cima. Descontrolado, ele arranca as cortinas das janelas e joga tudo no chão. Quando ele para, ouve um barulho vindo do porão.

 

BEN – E ainda tem essa piranha.

 

Ben abre a gaveta de um armário e tira uma arma. Ele verifica as balas e engatilha a arma.

 

BEN – Não posso correr mais riscos com ela aqui. Farei o que tem de ser feito.

 

E Ben sai em direção a cozinha.

 

CENA 12. APARTAMENTO DE VIOLET. SALA. INT. DIA.

 

Violet entra no apartamento, vestida, e com a cabeça machucada. Ela larga as chaves em cima da mesa e se senta no sofá. Violet põe as duas mãos no rosto e começa a chorar. Ela se levanta e vai até o telefone. Disca alguns números. Aguarda, mas ninguém atende.

 

VIOLET – (DESLIGA) O que aquele monstro fez com ela...

 

CENA 13. CASA DOS FLORRICK. QUARTO DE RYAN. INT. DIA.

 

Sarah bate na porta e entra. Ryan está deitado em sua cama, pensativo. Ela se senta na beira da cama do filho.

 

SARAH – Ryan?

 

RYAN – (SE VIRA) Hum?

 

SARAH – (PASSA A MÃO NO CABELO DELE) Podemos conversar meu filho?

 

RYAN – (SE SENTA NA CAMA) O que foi mãe?

 

SARAH – É o que eu quero saber. Você voltou da viagem com Ben inquieto, pensativo, não nos contou nada e está dentro desse quarto a horas.

 

RYAN – Só estou cansado, é isso. Acho que preciso dormir.

 

SARAH – Não Ryan, eu sou sua mãe, eu te gerei por nove meses e sei quando você não está bem. Alguma coisa aconteceu e você não quer me contar.

 

RYAN – (NERVOSO) Não aconteceu nada!

 

SARAH – (REPREENDE) Não fale desse jeito comigo! Você está irritado demais pro meu gosto. (PAUSA) Foi o Ben? Ele não foi bacana com você? É isso?

 

Ryan para por alguns segundos e engole a seco. Sarah o encara.

 

RYAN – (RESPIRA) Não, não tem nada a ver com o Ben.

 

SARAH – Ah, então tem alguma coisa. Ande, me fale. Se for algo que eu possa fazer, eu farei pra te ajudar.

 

RYAN – Mãe me deixa sozinho, eu preciso dormir um pouco, quando acordar estarei bem. É cansaço da viagem, eu juro pra senhora.

 

SARAH – (SE LEVANTA) Ok, eu entendi, não vou insistir mais. Prefiro acreditar na sua palavra.

 

RYAN – Obrigado.

 

SARAH – Depois eu volto.

 

Sarah sai do quarto e fecha a porta. Ryan dá um suspiro e afunda o rosto no travesseiro.

 

CENA 15. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INT. DIA.

 

Letitia sai do banheiro de roupão, com os cabelos molhados, penteando-os com uma escova. Ela se senta na frente de sua penteadeira e passa a mão pelos ferimentos em seu rosto. De repente, ela sente uma dor e põe a mão na barriga. Rápida, Letitia se levanta e corre até o banheiro. CAM fica no quarto. Em off, ouve-se Letitia vomitando dentro da privada. Segundos depois ela volta, limpando a boca.

 

LETITIA – (PREOCUPADA) O que está acontecendo comigo...

 

CENA 16. CASA DE PRAIA DOS ADDAMS. PORÃO. INT. DIA.

 

Ben desce as escadas do porão, segurando sua arma em uma das mãos. Mandy está sentada na cadeira, com os braços para trás. CAM detalha que ela está desamarrada. Ben fica na frente dela, ameaçador.

 

BEN – Bom dia Mandy. Como passou a noite? Confesso que estava com saudades suas.

 

MANDY – Eu estou com fome e sede, você não pode me deixar amarrada feito um animal.

 

BEN – Você tem razão. Acho que já está na hora de acabarmos com isso, sabe Mandy? (MOSTRA A ARMA PARA ELA) Cansei de brincar com você.

 

Mandy soa frio e olha para a arma.

 

MANDY – (COM MEDO) O que você vai fazer?

 

BEN – Eu... Vou te matar. (PENSA) É, vou te matar. Mas vou deixar você escolher. Onde quer que eu atire, hum? Na cabeça? No coração?

 

MANDY – (COMEÇA A CHORAR) Não me faça escolher isso...

 

BEN – Eu estou sendo bonzinho, Mandy! Seja boazinha também! Tem é de agradecer de eu estar te dando a chance de escolher como quer morrer. Poucos têm essa sorte. Eu podia simplesmente abrir seu corpo, retirar todos os seus órgãos e jogar dentro de um córrego, mas não, tudo isso me soa muito dramatúrgico.

 

Enquanto Ben fala, o pescador Jackson surge das sombras atrás de Ben. Mandy vê Jackson e disfarça.

 

BEN – Então vamos logo com isso... (GIRA A ARMA) Escolha!

 

Jackson se joga em cima de Ben, o surpreendendo, e a arma voa para longe dali. Mandy aproveita a situação, se levanta da cadeira e sai correndo do porão. Ben e Jackson rolam no chão, se agredindo.

 

BEN – (GRITA) Sai de cima de mim! Seu maldito!

 

JACKSON – (SE DEFENDE) Eu não vou deixar você fazer mais isso com ela!

 

Jackson monta em cima de Ben e aperta seu pescoço com as mãos. Ben começa a definhar, mas vê que sua arma está próximo dele.

1.07 - SUA VIDA ME PERTENCE

INTERVALO COMERCIAL

INTERVALO COMERCIAL

CENA 23. RUA. EXT. DIA.

 

Grande número de pessoas caminhando por uma Avenida da cidade, Avenida essa bastante suja, com poças de água pela estrada. Jessica caminha tranquilamente, com as mãos dentro do bolso do sobretudo, e passa por um grupo de 4 rapazes fumando encostados num carro. Jessica para, sente o cheiro e se vira para eles, curiosa.

 

JESSICA – (SE APROXIMA) Com licença...

 

Jessica chega até os rapazes, e um deles, bonito e musculoso, encara a moça.

 

RAPAZ – Pois não, meu anjo?

 

JESSICA – (APONTA PRO CIGARRO) Está vendendo?

 

O rapaz acha graça e atira o cigarro no chão.

 

RAPAZ – (RI) O que quer dizer com isso?

 

JESSICA – O cigarro. Eu perguntei se você vende, não ouviu?

 

RAPAZ – Isso eu entendi... Mas, por que quer saber? Por acaso é da polícia? Não estamos fazendo nada de errado aqui.

 

JESSICA – Não, eu não sou da polícia. Eu sou apenas uma garota a procura de diversão.

 

O rapaz concorda e olha para o corpo dela, interessado.

 

RAPAZ – Ei... Espera um minuto, eu acho que te conheço. (PENSA) Claro você está sempre nas capas dos jornais. Jessica, correto? (ACHA GRAÇA) Caramba, você é rica pra caralho!

 

JESSICA – Qual o problema? (SEGURA NO BRAÇO DELE) Tem algum preconceito?

 

RAPAZ – (SAFADO) Nenhum.

 

JESSICA – Então me passa um baseado, cara.

 

Jessica tira um punhado de dinheiro do bolso e coloca no bolso da calça do rapaz, chegando bem perto do corpo dele. O rapaz sente o perfume de Jessica e morde os lábios, com desejo.

 

JESSICA – A propósito, você sabe meu nome, mas eu ainda não sei o seu.

 

SEAN – Sean. Me chamo Sean, ao seu dispor.

 

Sean pega a mão de Jessica e a beija. Os dois se olham.

 

CENA 24. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INT. DIA.

 

Letitia deitada em sua cama, de camisola. Ela dá uma olhada na porta e vai até lá, tentando abri-la, mas sem sucesso.

 

LETITIA – Ele vai me enlouquecer... (PÕE AS MÃOS NA CABEÇA) Eu tenho que sair daqui.

 

Letitia bate na porta.

 

LETITIA – (GRITA) Tem alguém aí?

 

CENA 25. MANSÃO DOS ADDAMS. CORREDOR. EXT. DIA.

 

François sai de um dos quadros com uma pilha de toalhas e ouve as batidas na porta do quarto de Letitia. Aproxima-se.

 

LETITIA – (EM OFF) Quem está aí?

 

FRANÇOIS – (BATE NA PORTA) Dona Letitia? É François. Aconteceu alguma coisa?

 

LETITIA – (EM OFF) François! Graças a Deus!

 

FRANÇOIS – (TENTA ABRIR A PORTA) A senhora está trancada?

 

CENA 26. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INT. DIA.

 

Letitia na porta, falando com François.

 

LETITIA – (COM CALMA) Eu não posso te explicar agora François, mas eu preciso que faça uma coisa pra mim.

 

FRANÇOIS – (EM OFF) O que a senhora quiser!

 

LETITIA – Escute com atenção, eu quero que você vá até a farmácia e compre algo que eu preciso, entendeu? Vá ao quarto do Lawrence e descubra onde está a chave do meu quarto. Quando trouxer o que eu quero, abra a porta, me entregue e tranque a porta, guardando a chave sem que meu marido veja.

 

FRANÇOIS – (EM OFF) Ok, o que a senhora quer da farmácia?

 

Close em Letitia.

 

CENA 27. HOSPITAL. EXT. DIA.

 

Plano geral de um hospital. Uma ambulância ali na frente, trazendo um paciente de maca. Movimentação.

 

CENA 28. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INT. DIA.

 

Hospital lotado, com pessoas doentes aguardando na recepção. A atendente conversa com uma família no balcão. O paciente na maca da cena anterior é levado para o interior do local. Ben entra pela porta do hospital, com boné e óculos escuros, e dá uma olhada em volta. Ele percebe que a atendente está ocupada e consegue passar por ela, entrando numa porta que dá acesso para os corredores.

 

CENA 29. HOSPITAL. CORREDOR. EXT. DIA.

 

Enfermeiros caminham conversando. Ben vem atrás deles, rápido, e avista logo a frente uma sala com a placa “Vestiário”. Ele olha para os lados e entra. CAM fica alguns segundos na porta. Ben sai em seguida, com uniforme de enfermeiro, segurando uma planilha. Um médico passa por ele e Ben cumprimenta, com calma. O rapaz dá uma olhada na folha, onde está escrito “Prontuário” e vê o nome de “Mandy – unnamed” e o número do quarto: “309”. Ben respira fundo e sai.

 

CENA 30. CASA DOS FLORRICK. COZINHA. INT. DIA.

 

Sarah termina de lavar a louça e seca as mãos molhadas no pano de preto. Wayne entra e a beija.

 

WAYNE – Falou com o Ryan?

 

SARAH – Falei sim, ele está estranho. Ele diz que não aconteceu nada, mas eu sinto que aconteceu.

 

WAYNE – Mas o que poderia ter acontecido? Ben é um rapaz tão educado, bem criado, não o vejo fazendo nada contra o Ryan.

 

SARAH – Eu não sei, ele disse que não quer nem ir à escola, nem quis almoçar.

 

WAYNE – Vou falar com ele.

 

SARAH – Eu já fui até lá e ele pediu que eu não incomodasse, deixe-o Wayne. Quando ele estiver pronto, nos contará se houver algo.

 

WAYNE – Cê tem razão. (PENSA) Vou ver se lavo o carro querida, já volto.

 

SARAH – (SORRI) Tudo bem.

 

Wayne sai da cozinha.

 

CENA 31. CLÍNICA DO DR. LAWRENCE. EXT. DIA.

 

Plano geral da clínica.

 

CENA 32. CLÍNICA DO DR. LAWRENCE. SALA DE LAWRENCE. INT. DIA.

 

Lawrence acompanhando um casal de idosos até a saída da sala, bastante humanitário.

 

LAWRENCE – Então está combinado, espero vocês com o resultado dos exames na próxima semana. Muito obrigado!

 

SENHORA – (SORRI) Nós é que agradecemos.

 

E o casal de senhores sai. Lawrence revira os olhos e se senta em sua poltrona. Danielle entra.

 

DANIELLE – Queria falar comigo, doutor?

 

LAWRENCE – Queria sim... Desmarque todos meus pacientes da tarde. Vou precisar sair para um compromisso.

 

DANIELLE – Sem problemas.

 

LAWRENCE – Obrigado Danielle. Você é uma secretária de confiança, assim que eu gosto.

 

DANIELLE – Se não for incomodo, posso perguntar qual o compromisso do senhor?

 

LAWRENCE – Vou à caçada, meu anjo.

 

Lawrence simula uma arma com os dedos e aponta para Danielle, se divertindo.

 

CENA 33. ESTRADA. EXT. DIA.

 

CAM acompanha o carro de Jessica andando em alta velocidade por uma estrada vazia da cidade. Sean está na direção, fumando um cigarro, e ela no banco do lado. Outros três homens sentados atrás. Jessica tira o cigarro da boca de Sean e dá uma longa tragada. Ela se vira para Sean e solta a fumaça na cara dele.

 

SEAN – (RI) Você pega pesado mesmo, hein Jessica?

 

JESSICA – (TRAGA) Você ainda não viu nada querido! (ERGUE OS BRAÇOS) Como eu amo a liberdade!

 

SEAN – Então você é como eu, gosta de ser livre. Eu me cansei das jaulas que me prendiam e decidi voar, encontrar mundos diferentes. Eu me encontrei.

 

JESSICA – (CONCORDA) Eu adoraria ter essa sua coragem de abandonar tudo, mas não posso.

 

SEAN – E o que te prende?

 

JESSICA – Minha família. Eu não seria capaz de abandonar a minha família.

 

SEAN – (PROVOCA) Nem para um grande amor.

 

JESSICA – (DÁ RISADA) Amor? E isso lá existe, Sean? Toda a mulher sabe que o que vocês homens mais gostam de fazer é erguer seus pênis eretos e se sentir os machões, só isso. É sexo o que vocês querem! Vocês não sabem amar uma mulher.

 

SEAN – Isso é uma grande mentira. Eu mesmo já amei diversas mulheres na vida.

 

JESSICA – E está sozinho.

 

SEAN – (SORRI) Estou sozinho até o grande amor da minha vida aparecer.

 

JESSICA – Sabe que eu gostei de te conhecer Sean? Você e seus amigos. (OLHA PARA TRÁS) Adoro pessoas do submundo.

 

SEAN – (GARGALHA) Submundo?

 

Ouve-se a sirene da polícia. Sean olha pelo retrovisor do carro e avista uma viatura vindo atrás deles.

 

JESSICA – (PREOCUPADA) O que houve?

 

SEAN – É a polícia. (NERVOSO) A gente vai ter que vazar.

 

JESSICA – Relaxa Sean, só por que estamos em alta velocidade? Não tem problema, eu contorno.

 

Sean estaciona o carro no acostamento e salta com seus três amigos. Jessica não entende.

 

JESSICA – (ALTO) Ei, aonde vocês vão?

 

SEAN – (RÁPIDO) A gente se fala gatinha!

 

E os quatro se embrenham no meio do mato. Jessica dá um murro na porta, furiosa. A viatura da policia estaciona atrás dela e um policial desce, indo até o carro da frente.

 

POLICIAL – Com licença, senhora.

 

JESSICA – (SEM PACIÊNCIA) Olá meu bom senhor, algum problema?

 

POLICIAL – Recebemos a denuncia de que havia transporte de drogas ilegal por essas bandas. Sabe alguma coisa sobre isso?

 

JESSICA – Não, não sei.

 

POLICIAL – Posso revistar seu carro?

 

JESSICA – (PASMA) Meu carro? O senhor acha o que? Que eu sou uma marginal qualquer? Eu sou uma marginal de classe, querido! (PENSA) Ou melhor, essa não foi a melhor frase.

 

POLICIAL – Me dê licença...

 

O policial checa o banco de trás do carro. Jessica apóia o braço na porta do carro, com vergonha.

 

JESSICA – Tenha paciência...

 

POLICIAL – (SE VIRA PRA ELA) A senhorita sabe o que essa grande quantidade de cocaína está fazendo no banco de trás do seu veículo?

 

JESSICA – (GRITA) O que?

 

Jessica dá um pulo e se vira. Leva um susto ao ver uma sacola lotada de papelotes de cocaína.

 

JESSICA – (APONTA) Isso não é meu! (GRITA) Desgraçados!

 

POLICIAL – (PEGA A ALGEMA) Peço que desça do automóvel, pois a senhorita está presa por porte ilegal de drogas.

 

JESSICA – (PASMA) De novo?

CENA 34. HOSPITAL. QUARTO. INT. DIA.

 

Mandy entubada em cima de uma cama, com a pulsação sendo controlada. Ben entra no quarto e tranca a porta. Ele larga ficha do prontuário em cima de uma bancada e, devagar, se aproxima da cama da menina. Com um sorriso de prazer no rosto, ele se agacha ao lado dela e fala no seu ouvido.

 

BEN – (CHAMA) Mandy? Você está aí? (SE DIVERTE) Tem alguém aí dentro?

 

Ele passa a mão pelo corpo da garota, adorando vê-la naquela situação.

 

BEN – Você lutou tanto, não lutou Mandy? Eu admiro a sua força, de verdade, você insiste em ficar viva quando seu destino é enfrentar a morte. Mas sabe de uma coisa, agora que você está em cima dessa cama, toda torta, quebrada por dentro, pode ser que nem acorde mais. E o pior.. . (RI) Se acordar, vai acordar toda vegetativa, sem poder mais dar o que você estava acostumada a dar por aí. Um triste fim. Mas... (PENSA) E se eu diminuísse seu sofrimento? O que você acha?

 

Ben olha para trás e vê um travesseiro em cima de uma poltrona. Ele agarra o travesseiro e o aproxima do rosto de Mandy.

 

BEN – Foi bom o quanto durou, mas isso teria que acabar mais cedo ou mais tarde.

 

E Ben enfia o travesseiro no rosto dela, sufocando-a. Os batimentos de Mandy começam a cair e, segundos depois, ela fica sem pulsação. Ben larga o travesseiro e põe a mão no pescoço dela.

 

BEN – Morta. (SE DIVERTE) Morta!

 

Ele dá um beijo na testa da menina, coloca o travesseiro onde pegou e sai tranquilamente do quarto.

 

CENA 35. HOSPITAL. EXT. DIA.

 

Ben sai do hospital e caminha até a calçada, aliviado. Ele recoloca os óculos escuros e entra dentro de seu carro.

 

CENA 36. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LAWRENCE. INT. DIA.

 

François entra no quarto de Lawrence e passa a tranca na porta. Com rapidez, ele começa a abrir as gavetas do armário do patrão a procura de alguma coisa. Sem sucesso, ele procura nos criados mudos ao lado da cama, mas também não encontra. François vê o terno de Lawrence pendurado numa cadeira e revira dentro do bolso, achando uma pequena chave dourada. Ele sorri, guarda a chave no bolso e sai do quarto.

 

CENA 37. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INT. DIA.

 

Letitia deitada em sua cama, lendo um livro. Ela ouve o barulho da tranca da porta abrindo e se levanta assustada. François entra, com uma sacola nas mãos.

 

LETITIA – François! É você, que susto.

 

FRANÇOIS – Vim trazer o que a senhora me pediu. (ENTREGA) Está aqui.

 

LETITIA – (PEGA) Obrigada. Agora me tranque novamente e devolva a chave onde encontrou. Lawrence não pode nem sonhar que nos falamos.

 

FRANÇOIS – Fique tranqüila, ele está na clinica e demorará a chegar.

 

LETITIA – Mais uma vez obrigada pela confiança, querido. Foi de grande ajuda.

 

François concorda com a cabeça e sai, trancando a porta. Letitia retira uma caixa da sacola e a segura, com medo.

 

LETITIA – Seja o que Deus quiser.

 

CENA 38. DELEGACIA. CELA. INT. DIA.

 

Jessica sentada no chão, no fundo de uma cela da delegacia. Um homem gordo, de estatura baixa, usando terno, se aproxima da grade. Jessica o encara.

 

DELEGADO – Jessica Addams.

 

JESSICA – (FORÇA SORRISO) Como vai delegado?

 

DELEGADO – Quero lhe dizer que é uma honra recebê-la mais uma vez na minha humilde delegacia.

 

JESSICA – (SÉRIA) Não seja cínico delegado. (SE LEVANTA) Ligue pro meu advogado imediatamente, preciso sair daqui.

 

DELEGADO – Não será tão fácil dessa vez, você foi flagrada em posse de drogas.

 

JESSICA – (RECLAMA) Mas não era eu! Era dos caras que estavam comigo! Eles me enganaram, caramba, eu jamais me tornaria uma traficante.

 

DELEGADO – Quer que eu telefone pro seu pai?

 

JESSICA – (POR CIMA) Nem pensar! Não quero que meu pai saiba disso, será um desgosto muito grande.

 

DELEGADO – Eu acho que posso fazer uma coisa por você.

 

O delegado olha para os lados e abre a cena de Jessica, deixando-a livre.

 

JESSICA – (SURPRESA) Você vai me soltar?

 

DELEGADO – É pela amizade de anos que tenho com sua família. Vamos fingir que isso nunca aconteceu. O que acha?

 

JESSICA – (SORRI) Eu acho espetacular! Posso ir embora mesmo?

 

DELEGADO – Pode, mas não apronte de novo. Não poderei lhe salvar novamente.

 

JESSICA – (COMEMORA) Amém! Muito obrigada delegado. (BATE PALMAS) Jessica Addams à solta, homens que se preparem.

 

Ela tasca um beijo no delegado e sai radiante. Close no homem, sem graça.

 

CENA 39. NOVA IORQUE. CENAS PANORÂMICAS. EXT. NOITE.

 

Anoitece em Nova Iorque. Stock shots mostrando os principais pontos da cidade, como a 5th Avenue, Estátua da Liberdade e ruas cheias de carros.

 

CENA 40. RUA. CALÇADA. EXT. NOITE.

 

Ben caminha pela calçada da rua de sua casa e para na frente da residência dos Florrick. Ele vê a luz do quarto de Ryan ligada e observa a sombra do menino pela janela. De repente Gary, o cachorro do garoto, sai correndo na direção de Ben, que o pega no colo.

 

BEN – (CARINHOSO) Ei, Gary. Fugindo novamente? O que está havendo com você carinha?

 

Gary lambe os dedos de Ben, feliz. Ben olha para os lados e, sem que ninguém veja, sai levando o animal.

 

CENA 41. CASA DOS FLORRICK. SALA. INT. NOITE.

 

Wayne assiste televisão, enquanto Sarah lê uma revista, ambos no sofá. Ryan desce a escada correndo, de pijamas e meia.

 

RYAN – Alguém viu o Gary por aí?

 

SARAH – Não querido, achei que ele estivesse no seu quarto.

 

RYAN – Já procurei pela casa toda, ele sumiu!

 

WAYNE – Mais uma vez? Pelo amor de Deus Ryan, cuide melhor desse bicho, todo o dia é isso. Vai ver levaram embora.

 

Ryan bufa de raiva e volta para o quarto.

 

CENA 42. APARTAMENTO DE VIOLET. SALA. INT. NOITE.

 

Violet de roupão, com uma faixa colorida na cabeça, come alguma coisa encolhida no sofá. Enquanto come, bebe uma taça de vinho que deixa no chão, ao seu lado. Ela sente uma forte dor de cabeça e larga seu prato no sofá.

 

VIOLET – (RECLAMA) Está doendo demais...

 

Nisso, há uma forte pancada vindo da porta do apartamento e Violet dá um grito, se assustando. Martinez e dois homens mal encarados conseguem arrombar a porta e invadem o apartamento. Um deles agarra Violet pelos braços.

 

VIOLET – (SE DEBATE) Mas o que é isso? Quem são vocês?

 

MARTINEZ – (ENCARA) Seu pior pesadelo.

 

VIOLET – (GRITA) Me soltem!

 

Um dos homens puxa um pano do bolso e coloca no nariz de Violet, que desmaia em segundos. Martinez confirma com a cabeça e eles saem levando-a desfalecida.

 

CENA 43. MANSÃO DOS ADDAMS. FUNDOS. EXT. NOITE.

 

CAM mostra em segundo plano os fundos da mansão. Longe dali, numa área afastada do jardim, Ben brinca com Gary, jogando uma bolinha para que o cachorro busque e traga para ele.

 

BEN – (PASSA A MÃO NELE) Bom garoto Gary! Agora vem cá, vem!

 

Ben abre os braços e Gary corre até o rapaz, pedindo carinho. Ben passa a mão na cabeça do cachorro e o segura no colo, com bastante amor.

 

BEN – Como você é lindo...

 

E tira um canivete do bolso da calça, enviando na garganta do cachorro. Gary dá um latido abafado e morre nos braços de Ben. Ben deixa o corpo do animal sob a grama e se levanta, com a roupa encharcada de sangue. Close em Ben.

 

CENA 44. DELEGACIA DE POLÍCIA. SALA DE KENDRA. EXT. NOITE.

 

A delegada Kendra trabalhando em sua sala, fazendo assinaturas em alguns papéis. Larry, policial que trabalha naquela delegacia, entra e se senta na frente da delegada, com aspecto triste.

 

KENDRA – (ENCARA ELE) O que foi Larry? Não está vendo que eu estou ocupada?

 

LARRY – Aconteceu delegada.

 

KENDRA – (ESTRANHA) O que aconteceu?

 

LARRY – Ligaram há poucos minutos. Mandy, a moça atropelada em Hamptons que estava no hospital, perdeu a vida.

 

KENDRA – (BAIXA A CABEÇA) Não...

 

LARRY – E agora?

 

KENDRA – E agora que a investigação continua rapaz. A gente vai pegar esse canalha.

 

LARRY – Mas como, se não sabemos quem ele é? Ela era a nossa única testemunha.

 

KENDRA – Aí é que você se engana. Eu sei quem é o assassino.

 

LARRY – (SURPRESO) Sabe? Como?

 

KENDRA – Quando Mandy deu entrada no hospital, eu fui até lá imediatamente e falei com ela, ainda consciente. Conseguimos fazer o retrato falado.

 

LARRY – (CURIOSO) E eu posso ver? Quem é ele?

 

Kendra concorda e abre uma gaveta da mesa, entregando uma folha de papel para Larry. Larry ergue a folha e conseguimos ver nitidamente um desenho de Ben.

 

LARRY – Nunca o vi na minha vida. Já tem a identidade?

 

KENDRA – É Ben Addams. Ele é o assassino.

 

LARRY – (REAGE) Addams?

 

KENDRA – Agora é uma questão de honra, Larry, nós vamos colocar esse psicopata na cadeia. Pela Mandy e por todos que ele tirou a vida.

 

Close em Kendra.

 

CENA 43. BECO. INT. NOITE.

 

Local escuro, com muito lixo e pouca circulação de pessoas. Encostados numa parede pichada estão Sean e seus amigos, batendo papo e fumando baseado. Jessica estaciona seu carro na frente do beco e salta em direção a eles. Um dos amigos de Sean vê Jessica e avisa o amigo.

 

SEAN – (SE VIRA) Jessica?

 

JESSICA – (CRUZA OS BRAÇOS) Bonito o que vocês fizeram, hum?

 

SEAN – Uma mulher da sua estirpe não devia estar sozinha num local escuro como esse logo a noite. É perigoso.

 

JESSICA – Claro que é perigoso, afinal eu cheguei. Mas não seja cínico Sean! (BATE NELE) Seu marginal!

 

SEAN – (SE DEFENDE) Ei! Está doida?

 

JESSICA – Você estava me usando para transportar suas drogas, seu maluco! Sabia que eu fui presa? E o pior, pela segunda vez!

 

SEAN – (DEBOCHA) As vezes o raio cai mais de uma vez num determinado lugar.

 

JESSICA – Eu deveria é dar na sua cara sabia?

 

SEAN – (PÕE AS MÃOS PARA TRÁS) Ok, pode bater, eu deixo, sei que errei, faça sua vingança.

 

JESSICA – (SEM GRAÇA) Não seja bobo, Sean! Estou brincando! Eu jamais bateria nessa cara desenhada a canivete!

 

SEAN – (SORRI) Ah é?

 

JESSICA – Eu faria coisa melhor!

 

Jessica puxa Sean pela gola da camiseta e lhe dá um beijo. Sean a segura com seus braços e retribui. Jessica o empurra assustada.

 

JESSICA – Oh céus, o que acabei de fazer?

 

SEAN – (ABISMADO) Você acabou de me beijar, sua maluca!

 

JESSICA – (SE ABANA) Ai Jesus, eu só posso ter ficado completamente sequelada. Foi a droga que você me deu! É isso!

 

SEAN – (RI) Você é que me agarrou, eu não tive culpa alguma.

 

JESSICA – (PERDIDA) Eu... Eu não posso fazer isso. Eu não posso me envolver com ninguém. (CONCORDA) Não posso. Vou pra casa!

 

SEAN – Quando a gente se vê de novo?

 

JESSICA – (SORRI) Quando eu decidir que devamos. Sonhe comigo, sei que sou irresistível.

 

Jessica vai sair, mas volta, com desejo, e se joga nos braços de Sean, dando-lhe um beijo rápido.

 

JESSICA – Você beija bem pra caralho!

 

E sai, indo embora com seu carro. Sean coça a cabeça, sem graça.

 

CENA 44. CASA DOS FLORRICK. SALA. INT. NOITE.

 

Campainha toca. Ryan desce do andar de cima e vê que seus pais não estão mais lá. Ele abre a porta e não encontra ninguém.

 

RYAN – (OLHA EM VOLTA) Estranho. Eu juro que a ouvi tocar.

 

O menino vai sair, mas vê uma caixa de papelão no chão, com um bilhete em cima. Ele de abaixa e pega a caixa.

 

RYAN – (LÊ NO BILHETE) Para Ryan, abra sozinho. Com amor, B.

 

Close em Ryan, desconfiado.

 

CENA 45. CASA DOS FLORRICK. QUARTO DE RYAN. INT. NOITE.

 

Ryan entra em seu quarto trazendo a caixa deixada na porta da casa e se senta em sua cama. Ele olha a caixa, sacode e vê que tem algo pesado lá dentro. Ryan respira fundo, deixa a caixa no chão e se tranca no quarto. Ele volta, senta-se na cama e abre o presente devagar. Quando Ryan abre e vê o conteúdo da caixa, dá um grito de horror e joga a caixa longe. O corpo de Gary, assassinado e com os olhos arrancados rola pelo chão do quarto. Ryan continua gritando, em total horror com a cena. Close no corpo do cachorro.

 

 

CENA 46. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INT. NOITE.

 

 

 

Letitia sai do banheiro de seu quarto, carregando um termômetro nas mãos. Bastante nervosa, ela se senta na cama e olha para o objeto. Emocionada, ela enche os olhos de lágrimas e põe a mão na boca, um tanto surpresa.

 

LETITIA – (DERRAMA LÁGRIMAS) É verdade... Oh meu Deus... Grávida! Eu?

 

Close em Letitia.

 

CENA 47. CARRO. PORTA-MALAS. INT. NOITE.

 

(Música da cena anterior continua)

 

CAM abre no rosto de Violet, que está desacordada. Ela vai abrindo os olhos devagar e vê que está num lugar escuro, balançando muito.

 

VIOLET – (ASSUSTADA) Onde eu estou...

 

Violet vai se levantar, mas bate com a cabeça. Ele dá um soco para cima e percebe que está dentro da mala de um carro.

 

VIOLET – (GRITA) Me tirem daqui! (SE DEBATE) Socorro!

 

CAM sai de dentro do carro e mostra o veículo passando por dentro de uma estrada na trilha de uma floresta.

 

CENA 48. FLORESTA. INT. NOITE.

 

(Música da cena anterior continua)

 

O carro da cena anterior estaciona dentro de alguma área da floresta e saltam Martinez e os dois homens. Martinez abre o porta-malas e eles retiram Violet, agarrando-a pelos braços.

 

VIOLET – (DESESPERADA) O que vocês vão fazer comigo?

 

Eles não respondem e seguem levando Violet a pé dali. CORTA PARA outro ponto da floresta, na mata fechada, em um local bastante sombrio, úmido e rodeado de árvores. Os homens vêm com Violet, esta se debatendo e gritando, e chegam até uma cova feita no chão. Martinez segura Violet e a empurra para dentro da cova. Violet cai lá dentro e se machuca. Quando ela se vira, Lawrence surge no pé da cova e a encara. Close em Violet, surpresa.

 

VIOLET – (PASMA) Você?

 

LAWRENCE – Espero que você tenha aproveitado a viagem até aqui, por que será a última que fará na sua vida.

 

VIOLET – (IMPLORA) Lawrence, por favor, você não precisa fazer isso! Vamos conversar! Não faz isso comigo!

 

LAWRENCE – (CONCORDA) Você tem razão Violet... Eu realmente não preciso, mas eu vou fazer isso. Um dia, na minha casa, eu disse que ainda enterraria você, não disse? (PAUSA) Você vai se arrepender por ter se envolvido com Letitia.

 

VIOLET – (COMEÇA A CHORAR) Não!

 

Lawrence se afasta e estala os dedos, chamando Martinez e os capangas.

 

LAWRENCE – (SÉRIO) Fechem o caixão e joguem a terra. Sejam rápidos, ninguém pode vê-los aqui.

 

MARTINEZ – (CONCORDA) Combinado chefe.

 

E Lawrence sai, desaparecendo no meio da escuridão. Martinez e os outros homens pegam uma placa de madeira e colocam sob Violet, que continua gritando por socorro. Eles martelam as pontas da madeira e garantem que estão bem presas. Depois, pegam pás que estavam ao lado, apoiadas em árvores, e começam a jogar terra por cima do caixão. Ouvimos em off, cada vez mais abafados, os gritos de Violet.

 

CAM corta para dentro do caixão. Na completa escuridão, Violet bate contra a parte de cima do caixão, enquanto a terra vaza pelas frestas e suja seu rosto.

 

VIOLET – (COM FORÇA) Socorro! Alguém me ajuda! Socorro!

 

CAM fecha num close no rosto de desespero de Violet. CORTA PARA a superfície. Martinez e seus homens terminam de soterrar o caixão e saem do local carregando as pás. Lentamente, a câmera vai se afastando, mostrando a área onde Violet foi enterrada. FADE OUT.

 

 

- FIM DO EPISÓDIO –

 

 

ESTRELANDO

 

PETER KRAUSE como Lawrence Addams

CONNIE BRITTON como Letitia Addams

COURTENEY COX como Violet Langdon

EVAN PETERS como Ben Addams

ALEXANDRA BRECKENRIDGE como Jessica Addams

GLENN FITZGERALD como Cotton Addams

PIPER PERABO como Mabel Hargensen

RYAN MERRIMAN como Blake Morgan

JESSICA LANGE como Dianne Addams

 

ATORES CONVIDADOS

 

MAX THIEROT como Sean Banks

CHAD LOWE como Wayne Florrick

MELISSA MCBRIDE como Sarah Florrick

DAKOTA GOYO como Ryan Florrick

SHELBY YOUNG como Mandy

BREE WILLIAMSON como Kendra Parker

ADAM RODRIGUEZ como Martinez

JAMIE ANNE ALLMAN como Danielle

 

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

 

SCOTT WILSON como Jackson

CHLOE SEVIGNY como Policial Beverly

TEDDY SEARS Policial Jermash

LAZ ALONSO como Larry

 

MÚSICA DO EPISÓDIO

 

ANGEL by Sepultura

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