top of page

CENA 1. MANSÃO DOS ADDAMS. FRENTE. EXTERIOR. NOITE.

 

FADE IN na fachada da mansão dos Addams. As luminárias espalhadas pelo jardim refletem contra as paredes de pedra do casarão. Em OFF, ouve-se um barulho de tiro. CÂMERA permanece na fachada da mansão.

 

CENA 2. MANSÃO DOS ADDAMS. SALA. INTERIOR. NOITE.

 

CÂMERA abre no cano de uma arma. CORTE DESCONTÍNUO para uma poça de sangue no chão da sala. A CÂMERA sobre em TRAVELLING e mostra uma mão perto do sangue, mas não se consegue ver se é masculina ou feminina. Em OFF, um gemido feminino ecoa pelo local.

 

CENA 3. MANSÃO DOS ADDAMS. FRENTE. EXTERIOR. NOITE.

 

Dois policiais saem da mansão pela porta principal levando um saco preto em cima de uma maca. A delegada Kendra observa parada no jardim. O saco é retirado da maca e colocado dentro de um camburão do IML. Os policiais fecham as portas traseiras do veículo. CORTE DESCONTÍNUO para duas mãos sendo presas com uma algema. FADE OUT.

CENA 12. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INTERIOR. DIA.

 

François coloca um travesseiro nas costas de Letitia e ela se senta confortavelmente em sua cama. Dianne arruma o cobertor sob o corpo da nora. Letitia dá um sorriso amarelo.

 

LETITIA – Obrigada, vocês foram muito gentis, mas agora eu preciso ficar sozinha.

 

DIANNE – Antes eu tenho que falar com você Letitia. (OLHA PARA FRANÇOIS) A sós.

 

FRANÇOIS – Pois não, com licença. Se precisarem de qualquer coisa toquem o sino.

 

François baixa a cabeça e sai do quarto. Dianne se senta ao lado de Letitia e pega na mão dela. Letitia observa contrariada.

 

DIANNE – Como você está? Melhor? Sentindo alguma dor?

 

LETITIA – (CONCORDA) Estou bem sim, foi apenas um susto.

 

Dianne ri e olha para dentro dos olhos de Letitia.

 

DIANNE – Vamos falar a verdade Letitia, não foi apenas um susto. Você teve um forte sangramento, poderia ter perdido essa criança. (PAUSA) Lawrence me contou do cabide.

 

LETITIA – Dianne...

 

DIANNE – (INTERROMPE) O que está acontecendo com você? Por acaso você quis perder esse filho?

 

LETITIA – Me desculpe Dianne! Me perdoe! Mas o que eu fiz... eu fiz porque deveria. Por que era o certo.

 

DIANNE – Assassinar seu próprio filho? Eu achava que você estava feliz com essa gravidez!

 

LETITIA – Não, eu não estou. E você sabe por que. Você tem pleno conhecimento de como anda meu casamento com Lawrence.

 

DIANNE – Pelo amor de Deus! Eu sei que vocês estão passando por uma crise, mas quem nunca passou? Eu e meu marido Tom pensávamos em nos separar toda a semana e ficamos juntos até a morte dele!

 

LETITIA – (ENCARA) Você sabe muito bem do que eu tive que fazer para entrar nessa família.

 

Dianne fica calada e apenas concorda com a cabeça.

 

LETITIA – Eu não amo seu filho. Eu nunca amei. E a senhora sempre soube disso. Ele sabe disso. Eu só me casei por que era muito pobre. Por que queria ter uma vida que eu nunca pude ter. Mas amor... amor eu nunca senti pelo Lawrence.

 

DIANNE – Dói pra mim ter que ouvir isso da sua boca.

 

LETITIA – Mas é a verdade Dianne. (PAUSA) Eu quero me separar do Lawrence. E essa criança vai fazer com que eu e ele fiquemos juntos para sempre. Você me entende? Eu tive que fazer alguma coisa.

 

Dianne se levanta e anda pelo quarto, preocupada.

 

DIANNE – Um filho é um filho Letitia. (OLHA PARA ELA) É um presente que Deus está te dando. É uma nova chance de amar. Uma nova chance de ter o que a Amy te levou quando morreu a 25 anos atrás. Você não pode ser egoísta a esse ponto.

 

LETITIA – Eu não terei esse filho Dianne. Essa criança não vai vir a vida. Vocês podem me amarrar numa cama, mas eu não vou ter esse filho. Você vai ver.

 

CLOSE em Letitia, encarando Dianne com convicção. CLOSE em Diane, assustada.

 

CENA 13. MANSÃO DOS ADDAMS. ESCRITÓRIO. INTERIOR. DIA.

 

Lawrence toma uma dose de uísque sentado em sua poltrona. Ele esfrega uma das mãos no rosto, cansado, e vê uma foto dele e de Letitia em cima da mesa. Lawrence suspira e bebe mais um pouco. Ouve-se um barulho de risadas e de água batendo. Lawrence arregala os olhos e vira na poltrona, olhando para fora da janela.

 

CENA 14. MANSÃO DOS ADDAMS. FUNDOS. EXTERIOR. DIA.

 

Um grupo de pessoas se divertindo na piscina da mansão dos Addams. Jessica, De biquíni, se aproxima de um aparelho de vinil em cima de uma mesa, posiciona a agulha e o disco começa a girar.

 

 

 

Jessica ergue os braços e começa a dançar na beira da piscina. Sean vem correndo do gramado, sem camisa, e se joga na água, molhando Jessica, que se afasta, se divertindo. Outros homens e mulheres também nadam e pulam dentro da piscina.

 

JESSICA – (GRITA) Meu povo, podem se divertir a vontade que hoje a tarde é nossa! E ninguém vai nos atrapalhar!

 

Lawrence sai furioso pela porta dos fundos e vê a pequena festa que está acontecendo em seu jardim.

 

LAWRENCE – (BERRA) Jessica! Que baderna é essa na minha casa?

 

JESSICA – (BAIXINHO) Sujou...

 

Lawrence põe as mãos na cintura e grita para as pessoas que estão na piscina.

 

LAWRENCE – E vocês saiam já da minha piscina! Seus poucos imundos!

 

JESSICA – (ERGUE A MÃO) Alto lá, olha como chama meus novos amigos. Eles podem morar no subúrbio, mas são limpinhos!

 

LAWRENCE – Novos amigos? Olha pra essa gente Jessica. Esse povo não tem onde cair morto. Estão nadando nessa piscina feito ratos de Igreja. Que espécie de amigos são esses, garota?

 

Sean sai da piscina e fica ao lado de Jessica. Lawrence avança nele e coloca o dedo no seu peito.

 

LAWRENCE – Isso tudo é culpa sua. Você está mudando a minha filha. Você quer deixa-la louca. Eu quero você longe da Jessica e da minha casa, marginal.

 

JESSICA – (COM RAIVA) Veja lá como fala com o Sean. Ele é um rapaz bom pai, e nós estamos juntos.

 

LAWRENCE – (PASMO) Juntos? Você e esse bandido?

 

SEAN – Doutor Lawrence, eu o respeito, mas, por favor, não me trate como bandido. Eu sou um homem honesto.

 

LAWRENCE – Olhe só pra você, rapaz. Você não tem onde cair vivo. Você abandonou todas as oportunidades que seu tio te deu para viver na rua. Se coloque no meu lugar. Você seria o tipo de homem que iria querer pra sua filha? Um homem sem futuro?

 

SEAN – (ENCARA) Se esse homem fosse aquele que a fizesse feliz, sim, eu gostaria.

 

JESSICA – E eu sou a mulher para o Sean pai. Eu estou apaixonada por ele.

 

LAWRENCE – (PASMO) Não pode ser... A minha filha não...

 

JESSICA – (SENTIMENTAL) Você tem que entender pai. E tem que aceitar. Por favor.

 

LAWRENCE – (FORTE) Nunca. A filha de Lawrence Addams não vai se envolver com um qualquer. (OLHA EM VOLTA) E esse circo aqui? Trazendo esses pobres coitados pra nossa casa? É pra me afrontar?

 

Cotton sai da mansão apressado e vai até o irmão, percebendo que ele está exaltado.

 

COTTON – (NERVOSO) Lawrence, meu irmão, vamos para dentro, deixe os dois aí.

 

LAWRENCE – (SE AFASTA) Não toca em mim Cotton! Eu preciso dizer tudo que quero dizer!

 

JESSICA – Pai, não tem nada que você possa fazer. Eu sou maior de idade e dona de mim mesma. Eu cansei de viver nas correntes que nosso sobrenome carrega. Eu quero ser feliz da maneira que me sentir bem. E Sean me faz sentir bem.

 

LAWRENCE – (SORRI) Ah Jessica... Você nem imagina as coisas que eu posso fazer... Você não sabe o pai que você tem.

 

Lawrence se vira para Sean e ergue as mangas da camisa. Sean olha com estranhamento.

 

LAWRENCE – Isso aqui é pela minha filha.

 

E Lawrence dá um soco no rosto de Sean, que cambaleia para trás e cai de costas na piscina.

 

JESSICA – (GRITA) Sean!

 

Jessica se ajoelha e tenta ajudar Sean a voltar para a superfície. Lawrence bate as mãos e volta para mansão. Cotton o segue.

 

CENA 15. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LAWRENCE. INTERIOR. DIA.

 

Lawrence entra seguido de Cotton, que fecha a porta. O médico se senta na cama e coloca os dois braços sob os joelhos. Cotton na frente dele.

 

COTTON – Você não podia ter feito aquilo Lawrence. Jessica é sua filha.

 

LAWRENCE – (NERVOSO) Eu não vou admitir Cotton! Não vou!

 

COTTON – Você tem que entender/...

 

LAWRENCE – (GRITA) Não vou entender porra nenhuma!

 

Lawrence se levanta e caminha até a janela, nervoso.

 

LAWRENCE – (ALTO) Eu não vou entender e nem admitir Cotton. Você não tem o direito de vir aqui e me dizer a maneira como eu deva lidar com a minha família.

 

COTTON – Desculpe!

 

LAWRENCE – (SE VIRA) Você desça lá embaixo e mande que os seguranças chutem todos aqueles arrastados pra fora da mansão.

 

COTTON – E quanto a Jessica?

 

LAWRENCE – Que vá embora também. Ela provou que não é mais minha filha. Não quero mais ela no mesmo teto que eu. Agora ela vai viver a vida que ela bem quiser. Na rua!

 

Lawrence encara Cotton e sai do quarto. CLOSE em Cotton, receoso.

 

CENA 16. ESTRADA DE CHÃO. EXTERIOR. DIA.

 

CÂMERA acompanha as rodas traseiras de um veículo ultrapassarem uma estradinha de chão que circunda uma floresta. CORTA PARA Violet sentada no banco do motorista, com as duas mãos no volante. Violet respira fundo e a CÂMERA CORTA para um plano geral da estrada.

 

CENA 17. CLÍNICA DE LAWRENCE. EXTERIOR. FRENTE. DIA.

 

O carro de Violet estaciona na frente da clínica. Ela salta, pega sua bolsa no banco de trás e caminha em direção a porta principal. Violet tenta abrir a porta, mas percebe que está trancada.

 

VIOLET – (ESTRANHA) Mas que merda...

 

MARTINEZ – Ei você.

 

Violet se vira e vê Martinez escorado no carro dela, com uma arma na mão.

 

MARTINEZ – A clínica está fechada. Dr. Lawrence entrou em período de férias. Volte outro dia.

 

VIOLET – Eu não vim para uma consulta, mas sim para falar com Danielle. Ela é enfermeira da clínica.

 

MARTINEZ – (CURIOSO) E qual seu assunto com a Danielle?

 

VIOLET – Gostaria de falar apenas com ela e não com você. Pode me dizer onde ela está?

 

MARTINEZ – Sinto informar, mas Danielle não trabalha mais na clínica. Ela pediu demissão ontem e não sei te dizer para onde ela foi.

 

VIOLET – (PASMA) O que? Pediu demissão? Eu não consigo acreditar nisso.

 

MARTINEZ – Mas é a verdade, goste você ou não.

 

Violet vai caminhando até Martinez.

 

VIOLET – Eu já entendi o que está acontecendo aqui. Você... (APONTA) Você é o capacho pessoal do Lawrence, não é? (SORRI) Martinez. Você invadiu a minha casa e me sequestrou para que ele pudesse me matar.

 

MARTINEZ – (CÍNICO) Quantas saudades.

 

VIOLET – Eu fui até o apartamento da Danielle. Estava tudo revirado. Claro! (PENSA) Foi você. A mando do Lawrence. Vocês mataram a Danielle.

 

MARTINEZ – (SE LEVANTA) Retire as suas palavras.

 

VIOLET – Como eu fui idiota de ter vindo até aqui. É tudo tão pior do que eu pensava. Como você pode se submeter a isso Martinez? Obedecer as ordens desse homem?

 

MARTINEZ – (ENGATILHA A ARMA) Você vai ter que se retirar Violet. É melhor que não mexa mais nessa história. Pode acabar se queimando.

 

VIOLET – (ENCARA ELE) Eu vou colocar você, Lawrence, e todos que estiverem nessa organização atrás das grades. Você nem imagina o quando eu adoro mexer com o fogo.

 

Violet contorna o carro e entra no veículo. Martinez guarda a arma na cintura, intrigado. Violet gira a chave e dá a partida, sumindo pela mesma estrada de terra que chegou. CLOSE em Martinez.

 

CENA 18. MANSÃO DOS ADDAMS. ESCRITÓRIO. INTERIOR. DIA.

 

Lawrence sentado em sua poltrona, com os cotovelos apoitados na mesa, pensativo. Dianne entra e fecha a porta. Lawrence se acomoda confortavelmente.

 

DIANNE – Filho, podemos conversar?

 

LAWRENCE – (IRRITADO) Se for sobre Jessica, dispenso seus conselhos de botequim mamãe. Vá cacarejar em outra freguesia.

 

DIANNE – É sobre a Jessica sim. E acho que você deve me ouvir.

 

LAWRENCE – (SUSPIRA FUNDO) Sim, Majestade?

 

DIANNE – Você está sendo injusto com a sua filha. Você tem que deixa-la ser feliz com quem quer que seja. Mesmo que essa pessoa não valha nada.

 

LAWRENCE – Eu realmente estou ouvindo isso da sua boca? Justamente da senhora, que foi capaz de separar o Cotton daquela Fallon a mais de 20 anos por que não considerava ela “demais” para ele?

 

DIANNE – (ERGUE A CABEÇA) Eu me arrependi de tudo que fiz. E mudei. E acho que deves aceitar Sean como namorado de Jessica.

 

LAWRENCE – (RÍSPIDO) Nem morto.

 

DIANNE – Como eu já imaginava sua resposta, tomei a liberdade de convidar Sean e Jessica para jantar aqui em casa hoje a noite.

 

LAWRENCE – (SE LEVANTA) Como assim?

 

DIANNE – E eles aceitaram. Por favor Lawrence, pelo menos tente conhecer Sean. Vai ser bacana, você vai ver.

 

Lawrence baixa a cabeça por alguns instantes e concorda, sem dizer uma só palavra. Dianne sorri.

 

DIANNE – (ANIMADA) Esplêndido! Vou organizar tudo! Será perfeito!

 

Diane bate palminhas e sai do escritório. Lawrence se senta na poltrona e sorri.

 

LAWRENCE – Muito interessante mamãe. E eu tenho planos maravilhosos para esse jantar.

 

CENA 19. BOATE EM NOVA IORQUE. QUARTO. INTERIOR. DIA.

 

Mabel anda de lado para o outro. Sua cama está toda desarrumada. Uma camisinha usada jogada no chão. Mabel retira algumas notas de dólares do meio dos seios e joga na cama. Ela se aproxima do guarda roupas, abre e começa a procurar alguma coisa lá dentro. Tempo depois, retira algo enrolado numa echarpe. A dançarina se senta na cama, coloca o objeto no colo e retira a echarpe. CLOSE na pistola sob a echarpe. Mabel agarra a arma e verifica se há balas. Ela engatilha o objeto e CÂMERA dá um CLOSE em seu rosto com aspecto de tensão.

CENA 5. HOSPITAL ESTADUAL DE NOVA IORQUE. QUARTO. INTERIOR. NOITE.

 

Letitia está deitada em cima de uma cama de hospital, recebendo soro na veia. Lawrence está de pé na ponta da cama, olhando fixamente para a esposa. Aos poucos, Letitia vai recobrando a consciência e abre os olhos. Ela vê o marido e se senta na cama.

 

LETITIA – (CONFUSA) Lawrence?

 

LAWRENCE – (PREOCUPADO) Letitia, graças a Deus você acordou. Estava preocupado. Todos estavam.

 

LETITIA – (OLHA EM VOLTA) Onde eu estou?

 

Lawrence se senta na beira da cama.

 

LAWRENCE – Num hospital. (PAUSA) Esqueceu o que aconteceu?

 

LETITIA – (ZONZA) Eu… Estou confusa…

 

LAWRENCE – Eu te encontrei jogada no chão do seu quarto esvaindo em sangue. Por sorte consegui te trazer a tempo de ser atendida. Você perdeu muito sangue, quase morreu.

 

LETITIA – (PENSA) Oh Deus…

 

LAWRENCE – Você estava com um cabide agarrado nas mãos. Um cabide ensanguentado. O que estava tentando fazer?

 

Letitia põe as mãos na cabeça, nervosa, e começa a chorar. Lawrence não entende.

 

LAWRENCE – Ei, o que está havendo?

 

LETITIA – (CHORA) E o bebê… O que aconteceu com ele? Hein? Jacob?

 

LAWRENCE – Por sorte eles conseguiram salvá-lo. Está tudo bem com Jacob. Ele está vivo.

 

Letitia desaba em lágrimas e esconde a cabeça contra o travesseiro. Lawrence se levanta, assustado, e se afasta da cama.

 

LAWRENCE – O que você estava tentando fazer Letitia? (TENSO) É o que eu estou pensando?

 

LETITIA – (DESESPERADA) Eu não posso ter esse filho Lawrence. Eu não posso. Ele é amaldiçoado.

 

LAWRENCE – Querida, do que está falando? É o nosso filho, fruto do nosso amor. Você tentou tirar ele de você? Por que?

 

LETITIA – (GRITA) Por que eu não quero que ele nasça! Ele é uma parte de você que eu quero esquecer! Essa criança vai me prender a você para sempre! Eu simplesmente tentei tirá-lo sim! E tentaria de novo!

 

LAWRENCE – (ARREGALA OS OLHOS) Você está louca. Está surtada. Só pode ser.

 

LETITIA – (COM ÓDIO) Não importa o que você faça, mas eu vou tentar novamente. Eu não vou ter esse filho Lawrence. Eu abdico o direito de gera-lo.

 

LAWRENCE – (ENCARA) Pois eu não vou permitir que isso aconteça. É MEU filho. Você não pode fazer isso comigo.

 

LETITIA – Eu posso e eu vou. (LIMPA AS LÁGRIMAS) Você devia ter me deixado naquele assoalho. Devia ter me deixado morrer ao invés de passar por tudo que estou passando. Você é uma maldição na minha vida.

 

LAWRENCE – Se você fizer mais uma burrada outra vez, eu juro que/…

 

LETITIA – (ENFRENTA) Jura o que, hein doutor Lawrence Addams? Eu não tenho mais medo de suas ameaças! Seu monstro! Tudo que você podia tirar de mim você me tirou. O que vai tirar agora? (SORRI) Já eu posso tirar muito de você. E vou começar por essa criança. Você pode dizer o que quiser, mas eu vou abortar esse bebê quer você queria quer não.

 

CLOSE em Letitia encarando Lawrence com fúria. CLOSE no rosto assustado do médico.

 

CENA 6. APARTAMENTO DE DANIELLE. SALA. INTERIOR. NOITE.

 

A porta do apartamento está aberta. Violet entra no local com cuidado e pisa em alguns cacos de vidro. Ela olha em volta e vê que o apartamento está todo bagunçado, com mesas de cadeiras reviradas, vasos quebrados e papéis por todos os lados.

 

VIOLET – (PASMA) O que aconteceu aqui?

 

Violet vai entrando no apartamento e coloca a mão na boca, abismada.

 

VIOLET – Deus… (CHAMA) Danielle, você está aí? Sou eu, Violet Langdon.

 

Violet olha em volta, mas percebe que realmente está sozinha. A artista plástica caminha até o parapeito da sacada da sala. CLOSE em seu rosto.

 

VIOLET – Lawrence.

 

CENA 7. MANSÃO DOS ADDAMS. FRENTE. EXTERIOR. DIA.

 

Os raios do sol iluminam a fachada da mansão. François está molhando as flores do jardim com uma mangueira. Martinez lava o carro de Lawrence sem camisa na frente da garagem.

 

CENA 8. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE JESSICA. INTERIOR. DIA.

 

As cortinas do quarto são abertas e o sol invade o local. Dianne se vira, animada, e caminha até a beira da cama de Jessica, que está deitada, apenas com os cabelos ruivos pra fora do edredom.

 

DIANNE – Vamos acordar dorminhoca, já está tarde. Eu sei que o tempo é propicio para dormir mais tempo, mas você precisa trabalhar.

 

Dianne se senta e alisa os cabelos de Jessica, amorosa. Quando ela puxa a coberta, vê que Jessica não está ali, mas sim várias almofadas empilhadas e uma peruca ruiva. Dianne joga a peruca longe, com raiva.

 

DIANNE – (ALTO) Jessica! (CRUZA OS BRAÇOS) Onde você se meteu?

 

CLOSE em Dianne.

 

CENA 9. CASEBRE DE SEAN. SALA. INTERIOR. DIA.

 

Jessica e Sean estão dormindo num colchão de solteiro no chão do modesto casebre. Algumas garrafas de cerveja estão espalhadas perto do colchão. CLOSE no rosto de Jessica encostado no rosto de Sean. Eles dormem placidamente. Aos poucos, Jessica abre os olhos e põe a mão na boca, enjoada. Ela se levanta e Sean se vira no colchão, ainda dormindo. Jessica vai até a mesa da cozinha e pega uma garrafa térmica. Ela abre a garrafa e bebe o que tem dentro direto na boca. Jessica tosse um pouco e acorda Sean, que se levanta assustado.

 

SEAN – (NERVOSO) Jessica?

 

JESSICA – (RI) Calma Sean, sou eu sim, Jessica! Não é nenhum assalto, pode levantar tranquilo.

 

Sean fica de pé e se espreguiça. Jessica se aproxima dele e eles se são um selinho.

 

JESSICA – Bom dia.

 

SEAN – (SONOLENTO) Bom dia. Você dormiu bem nesse colchão?

 

JESSICA – Que pergunta mais imbecil, é lógico que não. Estou com as minhas costas viradas em frangalhos.

 

Sean vai até um armário atrás da mesa da cozinha e procura alguma coisa para comer.

 

JESSICA – E você, dormiu bem?

 

Sean pega um pacote de biscoitos e coloca na mesa. Jessica pega um biscoito e dá uma mordida, esfomeada.

 

SEAN – Ah eu dormi, já me acostumei né?

 

JESSICA – Não sei pra que vender aquele maldito sofá. (RECLAMA) Você tem que fazer alguma coisa Sean, não pode continuar dormindo em colchonetes e comendo bolachas salgadas pela manhã.

 

SEAN – Eu estou tentando! Desculpe! É difícil arrumar um emprego sem ter nenhuma recomendação.

 

JESSICA – E o seu tio? Ele é senador, pode muito bem arrumar alguma coisa.

 

SEAN – Nem pensar, eu não vou procurar o tio Paul. Pra que? Pra ele me humilhar novamente? Eu dispenso.

 

JESSICA – (VAI ATÉ ELE) E meu pai? Quem sabe ele não pode te ajudar? Nós temos muito dinheiro Sean.

 

SEAN – Já disse que não quero dinheiro de ninguém.

 

Jessica o abraça e encosta a cabeça no peito dele.

 

SEAN – E você, vai continuar aqui comigo?

 

JESSICA – (OLHA PARA ELE) Por que a pergunta?

 

SEAN – Por que você tem uma família te esperando, tem conforto. Eu sei que o que está rolando entre a gente é forte e sincero, mas infelizmente não posso te dar a vida que merece.

 

JESSICA – Eu não preciso de conforto se tenho amor verdadeiro. E isso eu encontro aqui, no subúrbio.

 

Sean sorri e beija na boca dela.

 

SEAN – Você é a mulher mais louca que eu já conheci.

 

JESSICA – (SAFADA) E a mais vagabunda, tenho certeza.

 

SEAN – (MORDE OS LÁBIOS DELA) Sem sombra de duvidas.

 

Jessica passa as mãos no peitoral dele e se afasta.

 

JESSICA – Eu estive pensando… O que acha de eu realmente voltar pra casa hoje?

 

SEAN – Ué, achei que tivesse dito que você não precisava deles para ser feliz.

 

JESSICA – E eu não preciso. É que eu estava pensando em voltar e preparar uma surpresinha para abalar as estruturas do doutor Lawrence Addams. E preciso da sua ajuda.

 

SEAN – (CRUZA OS BRAÇOS) Nossa agora eu fiquei curioso.

 

JESSICA – Eu vou te explicar...

 

CENA 10. BOATE EM NOVA IORQUE. INTERIOR. DIA.

 

Uma faxineira está passando um pano molhado no chão da boate. Há várias mesas redondas espalhadas nos lados do salão. Violet entra receosa, segurando sua bolsa e olha em volta. A faxineira vê que ela está aí.

 

FAXINEIRA – Moça?

 

Violet se vira para ela e sorri.

 

VIOLET – Bom dia minha senhora, será que pode me ajudar?

 

FAXINEIRA – Se estiver no meu alcance.

 

VIOLET – Onde eu posso encontrar a Mabel?

 

CENA 11. BOATE EM NOVA IORQUE. QUARTO. INTERIOR. DIA.

 

Mabel sentada no chão, com as costas contra a lateral da cama, segurado uma garrafa de bebida. Ela ouve batidas na porta. Violet entra em seguida e a encontra no chão. Mabel se levanta, sem graça.

 

MABEL – Violet? Você por aqui?

 

VIOLET – Eu vim falar com você. Não te achei no apartamento. (PAUSA) O que faz nesse lugar? Achei que tivesse abandonado o passado.

 

MABEL – É, eu abandonei. Mas gosto de ficar aqui quando preciso pensar na minha vida.

 

VIOLET – Bom, eu tenho novidades sobre o caso Lawrence Addams.

 

MABEL – (CURIOSA) Descobriu alguma coisa?

 

VIOLET – Descobri sim. Eu fui até o apartamento da enfermeira, lembra? Danielle. Fui conversar com ela, saber se ela estava de acordo com nos ajudar e...

 

MABEL – E... ela concordou?

 

VIOLET – Bem, então que não havia ninguém no local. Nem sinal de Danielle. E a porta estava arrombada.

 

MABEL – (SE PREOCUPA) Oh Deus, você pensa que...

 

VIOLET – (COMPLETA) Foi o Lawrence! Certeza absoluta! Ele descobriu das nossas intenções e tratou de tirar Danielle do caminho.

 

MABEL – (TENSA) Que horror...

 

Violet percebe a garrafa de bebida nas mãos de Mabel. Mabel tenta esconder, mas Violet avança sobre ela e pega a garrafa.

 

VIOLET – (MOSTRA) Mas que merda é essa Mabel? (IRRITADA) Nós não havíamos combinado?

 

MABEL – (NERVOSA) Me desculpa! Eu não aguentei! Tinha que afogar minhas mágoas!

 

VIOLET – (ALTO) Você está grávida Mabel. Não pode beber dessa forma. Quer perder seu filho novamente?

 

MABEL – (BAIXA CABEÇA) Não. É que eu acho que fiz uma burrada.

 

VIOLET – (ENCARA) O que você fez, Mabel?

 

MABEL – (COMEÇA A CHORAR) Eu fui procurar o Cotton e contei para ele que estamos esperando um filho.

 

VIOLET – (RELAXA) Bom, pelo menos fez a coisa certa. E ele? O que disse que te deixou nesse estado?

 

MABEL – (CHORA) Ele em humilhou Violet. Disse que eu não prestava, que não confiava em mim. Ele me tratou como lixo. Inclusive disse que esse filho não era dele.

 

VIOLET – (LAMENTA) Oh amiga... Eu sinto muito.

 

Violet larga a garrafa de bebida no chão e vai abraçar Mabel, que está desolada.

 

VIOLET – (ALISA OS CABELOS DELA) Vai ficar tudo bem. Aquele homem não te merece.

 

Mabel afasta Violet e a encara com um olhar furioso e sombrio. Violet se surpreende.

 

MABEL – Acabou Violet. Não vou mais ser boazinha ou idiota como sempre fui. Eu vou me vingar do Cotton e de toda aquela família.

 

VIOLET – (CONCORDA) Nós vamos fazer isso.

 

MABEL – (ALTO) Não! Agora sou só eu sem você. Sozinha. Não vou esperar mais. Algo precisa ser feito.

1.10 - UM CRIME AMERICANO

INTERVALO COMERCIAL

INTERVALO COMERCIAL

CENA 20. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INTERIOR. NOITE.

 

FADE IN em dois lábios femininos pintados de vermelho. CÂMERA abre e mostra Letitia se olhando na frente do espelho do quarto. Ela está vestindo um vestido longo, preto, com um decote arredondado. Lawrence entra no quarto vestindo terno e Letitia se vira para ele.

 

LETITIA – Estou pronta.

 

LAWRENCE – Pronta para que?

 

LETITIA – Para o jantar, ora essa. Dianne me disse que você vai dar um jantar para Jessica e o novo namorado.

 

LAWRENCE – É, na realidade ela conseguiu me convencer disso, não sei se dará certo. Mas você não pode ir, ainda está se recuperando do que aconteceu.

 

LETITIA – Eu estou ótima Lawrence.

 

LAWRENCE – Acho que é melhor permanecer em repouso.

 

LETITIA – Bom, eu acho que devemos descer, por favor, eu estou maravilhosa.

 

LAWRENCE – (CONCORDA) Ok, você vai, mas depois é repouso absoluto, ok?

 

LETITIA – Tudo bem. Eu vou ao banheiro e já desço.

 

Lawrence concorda e sai do quarto. Letitia põe a mão na barriga e se olha de lado.

 

CENA 21. MANSÃO DOS ADDAMS. SALA DE JANTAR. INTERIOR. DIA.

 

François posiciona um enorme arranjo de margaridas no centro da mesa. Dianne caminha pela mesa e verifica a posição dos talheres. Ela percebe que está faltando uma faca em um dos pratos.

 

DIANNE – Faltou uma faca François, por favor, busque na cozinha.

 

FRANÇOIS – Com prazer, senhora.

 

E François sai. Cotton desce do segundo andar e vai até Dianne.

 

DIANNE – Já está pronto para o jantar filho?

 

COTTON – Mãe será que eu não posso ficar de fora desse jantar? Eu estou me sentindo mal, com um enjoo dentro do estomago.

 

DIANNE – Nem pensar! Eu preciso de você aqui comigo caso aconteça outra briga entre Jessica e Lawrence.

 

COTTON – Tem certeza?

 

DIANNE – Tenho Cotton! Agora vá colocar uma roupa decente. Esse pode apenas parecer um jantar de família, mas é mais do que isso. É uma ocasião especial.

 

Cotton concorda e sobe a escada para o segundo andar.

 

CENA 22. MANSÃO DOS ADDAMS. FUNDOS. EXTERIOR. NOITE.

 

Martinez de frente para a piscina, segurando a pistola com uma das mãos. Lawrence sai da mansão e caminha até Martinez.

 

LAWRENCE – Queria falar comigo?

 

MARTINEZ – Você nem imagina quem apareceu na clínica hoje querendo saber da Danielle.

 

LAWRENCE – Deixa-me adivinhar. Alguma lésbica bisbilhoteira?

 

MARTINEZ – (CONCORDA) Violet Langdon.

 

LAWRENCE – Maldita… Eu sabia que ela estava me investigando e que era ela que havia coagido a imbecil da Danielle a me denunciar.

 

MARTINEZ – E ela fez ameaças doutor e a organização. Ela disse que os colocará na cadeia.

 

LAWRENCE – Isso é o que veremos. Mas obrigado pela informação Martinez.

 

MARTINEZ – É apenas meu trabalho.

 

LAWRENCE – Mantenha os olhos bem abertos, entendeu? Jessica está para chegar e vai trazer aquele marginal chamado Sean. Tenho medo de ele aprontar alguma.

 

MARTINEZ – Positivo, chefia.

 

Lawrence olha para os lados e volta para a mansão. CLOSE no rosto de Martinez refletido na água da piscina.

 

CORTA PARA Mabel observando Martinez detrás de alguns arbustos no jardim da mansão. Ela verifica que a pistola está presa na cintura. Mabel olha do outro lado e vê Jessica e Sean conversando parados na entrada da mansão. Jessica beija Sean e eles entram.

 

CENA 23. MANSÃO DOS ADDAMS. SALA. INTERIOR. NOITE.

 

A campainha toca. Dianne sentada no sofá da mansão ao lado de Cotton. François sai da cozinha e atende a porta. Jessica e Sean entram, com roupas bem simples, e Dianne se levanta para cumprimentar a neta.

 

JESSICA – (SORRIDENTE) Vovó!

 

DIANNE – (ABEAÇA) Minha querida, que saudades suas! Desde a festa de máscaras que a gente não se vê.

 

JESSICA – Eu queria agradecer por ter feito esse jantar vovó. Significa muito para mim.

 

DIANNE – (PARA SEAN) E você deve ser o bom rapaz que agarrou o coração da minha neta?

 

SEAN – (SORRI) Muito prazer em conhecê-la, senhora Addams.

 

Sean beija a mão de Dianne, que agradece encabulada.

 

DIANNE – Além de bonito é muito gentil.

 

JESSICA – (MOSTRA) Esse é meu tio Cotton.

 

Cotton se levanta do sofá e aperta a mão de Sean, com delicadeza.

 

COTTON – Padre Cotton Addams, muito prazer. Que a paz do senhor esteja convosco.

 

SEAN – (CONCORDA) Aleluia.

 

Jessica segura o riso e vira o rosto. A porta do escritório se abre. Lawrence sai e fuzila Sean com os olhos. Jessica se agarra em Sean. Lawrence vai até o casal.

 

LAWRENCE – Boa noite.

 

SEAN – (CABREIRO) Boa noite doutor Lawrence.

 

JESSICA – Só será melhor se você aceitar o Sean, papai. Ele não tem nenhum dinheiro no bolso, mas tem um pênis muito/…

 

DIANNE – (POR CIMA) Menos Jessica. Vamos nos sentar? (PARA FRANÇOIS) François, traga vinho.

 

LAWRENCE – (APONTA PARA SEAN) Vinho pra esse ai?

 

COTTON – (NO OUVIDO DE LAWRENCE) Por Deus, Lawrence! Não começa!

 

Lawrence fica calmo e sorri para Sean e Jessica.

 

LAWRENCE – Que seja então como pérolas aos porcos. Traga o vinho, François. Para alguma coisa você deve servir.

 

JESSICA – (BAIXINHO) Estou me sentindo uma estranha dentro de minha própria casa.

 

François baixa a cabeça e sai. Letitia surge no topo da escada e vai descendo até os convidados.

 

LETITIA – Boa noite Jessica e Sean.

 

JESSICA – (FELIZ) Letitia!

 

Jessica e Letitia dão um longo abraço. Letitia afaga os cabelos de Jessica e se emociona.

 

LETITIA – (NO OUVIDO DELA) Que bom que você conseguiu se livrar desse monstro.

 

LAWRENCE – (PUXA LETITIA) Chega de abraço, por favor, isso é tão emocionante que quase me faz chorar.

 

LETITIA – (PARA SEAN) Você fez uma bela escolha com Jessica, rapaz. Ela é a mulher mais linda que eu já conheci.

 

SEAN – Obrigado!

 

JESSICA – (SÉRIA) Soube que estava no hospital Letitia, o que houve? Algo com o bebê.

 

LETITIA – (ENVERGONHADA) Apenas problemas intestinais, nada de grave.

 

LAWRENCE – (ALTO) Em suma: ela tentou enfiar um cabide dentro da própria vagina. Letitia anda com tendências suicidas.

 

Jessica balança a cabeça negativamente. A campainha toca mais uma vez. Todos se olham, surpresos.

 

DIANNE – Está faltando alguém?

 

JESSICA – (IRÔNICA) Será que o Ben também veio para a reunião de família?

 

LAWRENCE – Não toque mais no nome desse rapaz que nem lembro quem é. Se já não bastasse um filho psicopata, tenho uma filha que se envolve com morador de rua. É o que a gente chama de carma, sabe?

 

DIANNE – Atenda a porta, François.

 

François abre a porta e Blake entra com um buquê de flores na mão. CLOSE em Jessica, surpresa ao vê-lo.

 

BLAKE – Boa noite para todos.

 

JESSICA – (COM RAIVA) O que você está fazendo aqui?

 

BLAKE – Eu fiquei sabendo que haveria um jantar para você e decidi vir te dar um pequeno mimo. Essas flores. Aceita?

 

Blake oferece o buquê para Jessica, sarcástico. CLOSES DESCONTÍNUOS em todos na sala.

 

CENA 24. MANSÃO DOS ADDAMS. COZINHA. INTERIOR. NOITE.

 

François entra na cozinha apressado e abre a geladeira. Ele retira uma garrafa de água, pega um copo sob a pia, serve a água e dá alguns goles, mostrando nervosismo. François volta com a garrafa para a geladeira, mas quando se vira, encontra Mabel. François arregala os olhos e Mabel o acerta com o cano na arma da cabeça. François cai desmaiado nos pés de Mabel.

 

CENA 25. MANSÃO DOS ADDAMS. SALA. INTERIOR. NOITE.

 

Jessica agarra o buquê de flores das mãos de Blake e joga no chão.

 

JESSICA – Eu não aceito nem flores nem nada que vier de você. Você não tem o direito de vir até aqui para me afrontar.

 

BLAKE – Não seja mal educada Jessica, eu vim apenas para receber você e seu novo namorado.

 

JESSICA – Não ouse falar uma palavra sobre o Sean. Ele é um homem bom e honesto, diferente do lixo que você é!

 

SEAN – Jessica fica calma...

 

JESSICA – (NERVOSA) Não Sean! Eu preciso falar!

 

BLAKE – A verdade sobre Sean todos nós sabemos. Ele é um marginal de rua. Um bandido. Um cheirador de cocaína. Um homem sem princípios!

 

JESSICA – (SE EXALTA) Eu vou meter a mão na sua cara!

 

SEAN – (SEGURA JESSICA) Chega!

 

BLAKE – Vocês não vão ser felizes juntos. Eu amaldiçoo esse relacionamento. Você vai pagar um preço caro por ter abandonado a nossa vida.

 

JESSICA – Espere um pouco. Por que eu ainda estou ouvindo esse porco? Como que você sabia que eu estaria aqui?

 

LAWRENCE – Eu contei a ele.

 

Todos se viram para Lawrence, perplexos. Lawrence e Blake sorriem um para o outro.

 

JESSICA – Você, papai?

 

DIANNE – (BRAVA) Lawrence, você não fez isso!

 

LAWRENCE – Eu não podia permitir que você se envolvesse com esse homem Jessica. O Blake foi a minha última chance de te ver voltar a ser o que era antes. Mas pelo visto o nosso Blake só faz merda. Nem pra te convencer é capaz.

 

JESSICA – Você é patético pai! Chamar o Blake apenas para me humilhar? Você está completamente insano. Talvez tudo que dizem sobre você seja mesmo verdade. (PARA SEAN) Vamos embora daqui imediatamente.

 

MABEL – Nem em sonho.

 

CLOSE no cano de uma arma apontado na direção da família. Todo mundo se vira assustado e vê Mabel atrás deles, com uma arma em punhos. Cotton dá alguns passos para frente.

 

COTTON – (PASMO) Mabel?

 

MABEL – (SORRI) Ninguém vai sair dessa mansão sem provar o prato principal desse jantar. A questão é... Quem será o prato principal?

 

CENA 26. APARTAMENTO DE VIOLET. SALA. INTERIOR. NOITE.

 

FADE IN no rosto de Letitia pintado em uma tela de um quadro. Os traços são bastante fortes e seu olhar é de extrema tristeza. Segundos depois, uma tinta vermelha é jogada contra a tela e suja a pintura. Violet está na frente do quadro, totalmente descontrolada, com uma lata de tinta na mão.

 

VIOLET – Isso é por você ter abandonado a gente, sua idiota! Agora eu estou aqui... (SE EMOCIONA) Sozinha... Sem ninguém... Sem você.

 

E Violet joga mais um pouco de tinta vermelha na tela de Letitia. A artista plástica deixa o balde cair no chão e senta no sofá, toda pintada. Ela põe a cabeça entre os joelhos e começa a chorar.

CENA 27. MANSÃO DOS ADDAMS. SALA DE JANTAR. INTERIOR. NOITE.

 

Lawrence, Letitia, Dianne, Jessica, Sean, Blake e Cotton sentados em volta da mesa. Mabel na frente deles, andando de lá pra cá, apontando a arma. Todos bastante nervosos.

 

MABEL – Noite maravilhosa para uma reunião de família, não?

 

COTTON – Mabel, baixa essa arma, o que você está pretendendo com isso?

 

MABEL – (ENCARA) Chegou a hora do nosso acerto de contas Cotton. Do meu acerto de contas com a família Addams.

 

DIANNE – (NERVOSA) Por favor Mabel, não faça nenhuma besteira, por mais que meu filho tenha feito o que fez com você, ele teve seus motivos.

 

MABEL – Todos vocês são culpados pela vida que eu levo. Por eu ter escolhido vender meu próprio corpo para sobreviver. Eu estou cansada de ser humilhada, de ser tratada como um lixo.

 

LAWRENCE – E o que acha que vai fazer? Matar a todos nós? Você tem apenas seis balas, nós somos sete. Você será pega, Mabel.

 

MABEL – Eu não me importo mais com polícia nem com nada. O que eu quero é me vingar por tudo que eu sofri.

 

COTTON – Eu nunca te prometi nada. Eu sempre disse que eu era um homem de Deus. Um homem que jamais poderia me apaixonar por uma mulher.

 

MABEL – Você mentiu pra mim e deixou o fruto da sua mentira no meu ventre. Eu estou grávida do Cotton.

 

DIANNE – (ALTO) Grávida?

 

MABEL – (BALANÇA A ARMA) Mas ele acha que esse filho não é dele... Ele... Não acredita em mim.

 

JESSICA – Bom... você é uma prostituta.

 

MABEL – (APONTA A ARMA PARA ELA) Cala a boca, sua metida do caralho, senão quem vai ter os miolos estourados aqui é você.

 

Jessica concorda e segura na mão de Sean. Lawrence olha pela janela atrás de Mabel, preocupado.

 

MABEL – (VIRA A ARMA PARA LAWRENCE) Olhando para onde Lawrence? Esperando que seu cão de guarda surja para salvar o dia?

 

LAWRENCE – Mabel, vamos negociar. Eu te dou o que você quiser, seja dinheiro, seja o que for, mas deixe minha família em paz.

 

MABEL – Infelizmente eu não estou aberta para negociações. Mas foi muito bom que você decidiu falar Lawrence. Estava na hora de falar de você.

 

LAWRENCE – De mim?

 

MABEL – A sua família por acaso sabe do que você fez comigo e do que você faz com seus pacientes?

 

LETITIA – (BAIXO) Oh Deus...

 

LAWRENCE – (TENSO) Não ouse...

 

DIANNE – (ESTRANHA) Do que ela está falando? Eu quero saber.

 

MABEL – Que o seu filho é um assassino, dona Dianne. Naquele dia da festa de bodas dele e da Letitia, ele me sequestrou e me deixou trancada numa sala da clínica, me torturando psicologicamente e fisicamente. Ele queria me matar por eu ter voltado a vida do Cotton.

 

DIANNE – (PARA LAWRENCE) O que significa isso Lawrence?

 

MABEL – Lawrence é um traficante de órgãos. Ele assassina seus pacientes e vende seus órgãos no mercado negro. Era isso que ele queria fazer comigo.

 

JESSICA – (ENCHE OS OLHOS DE LÁGRIMAS) Não posso acreditar que isso seja verdade.

 

LAWRENCE – (GRITA) É mentira! Essa mulher está louca! É mentira!

 

MABEL – (COM RAIVA) Eles mandaram que aqueles capangas nojentos fossem me estuprar para que eu ficasse longe da sua família. Eles... (COMEÇA A CHORAR) Vocês vão ter que pagar. Eu não vou ser humilhada mais uma vez. Não vou.

 

LAWRENCE – Então me mata, sua piranha.

 

Lawrence se levanta e fica na frente de Mabel. Ele puxa a arma dela e a encosta em seu peito.

 

LAWRENCE – (LEVANTA AS MÃOS) Mata. Atira em mim.

 

MABEL – (COMEÇA A TREMER) Não me faça fazer isso Lawrence...

 

LAWRENCE – (SUSSURRA) Termina logo com isso Mabel. Tenha a sua vingança. Você merece não merece?

 

A mão de Mabel começa a tremer e ela começa a chorar desesperadamente.

 

LAWRENCE – (SORRI) Você não tem coragem.

 

Mabel para de chorar e olha bem dentro dos olhos dele. CLOSE nas pupilas dilatadas de Mabel. Ela ergue a arma e aponta em direção a mesa.

 

MABEL – Você não sabe nada sobre mim.

 

FOCO no cano da arma. Mabel aperta o gatilho. Em SLOW MOTION, a CÂMERA mostra a bala sair do cano e ir na direção de Blake. A ação volta ao normal. Blake é atingido com o tiro no peito e cai da cadeia. Jessica dá um grito e tenta ajudar o ex-marido. Lawrence empurra Mabel e cai em cima dela. A arma voa para debaixo da mesa.

 

MABEL – (GRITA) Me solta!

 

LAWRENCE – Sua vadia! Vagabunda! (BERRA) Martinez!

 

CLOSE em Blake caído no pé da mesa. Jessica se agacha no corpo do ex-marido e tenta falar com ele. Blake está com os olhos arregalados.

 

DIANNE – Ele está morto?

 

Martinez entra correndo na mansão e vê a confusão. Ele vai até Lawrence e agarra Mabel pelos cabelos, levantando-a e em seguida a dominando pelos braços.

 

MABEL – (GRITA) Socorro!

 

Jessica se levanta e abraça Letitia, chorando ao ver Blake caído no chão. Sean se agacha perto de Blake e faz pressão contra o peito dele.

 

SEAN – (COM FORÇA) Vai dar tudo certo. (ALTO) Alguém chama uma ambulância!

 

Dianne põe a mão no rosto e sai rapidamente. Sean pressiona o ferimento de Blake, enquanto ele respira com dificuldade e perde muito sangue.

 

SEAN – Aguenta firme Blake! Por favor!

 

BLAKE – (MURMURRA) Tome conta da Jessica... (FRACO) Ela foi a única coisa boa que me aconteceu na vida... (PAUSA) Cuida dela.

 

E Blake fecha os olhos. Sean verifica sua pulsação e baixa a cabeça. Jessica coloca a cabeça no ombro de Letitia e chora.

 

CENA 27. MANSÃO DOS ADDAMS. FRENTE. EXTERIOR. NOITE.

 

PLANO GERAL. Dois policiais saem da mansão pela porta principal levando um saco preto em cima de uma maca. A delegada Kendra observa parada no jardim. O saco é retirado da maca e colocado dentro de um camburão do IML. Os policiais fecham as portas traseiras do veículo. Kendra cruza os braços e vê Lawrence parado do outro lado do jardim, perplexo. Ela caminha até ele.

 

KENDRA – Tudo bem?

 

Lawrence não responde nada a ela e apenas a encara. Algum tempo depois, Mabel sai da mansão carregada por outros dois policiais. Ela é levada através do jardim e troca olhares com Lawrence. Os policiais colocam Mabel no carro da polícia.

 

KENDRA – Não se preocupe com ela. A moça está completamente descontrolada. Provavelmente a mandarão para um manicômio judiciário.

 

Mabel olha para Lawrence pelo vidro da porta traseira da viatura. Ela ergue o dedo do meio para o médico. O carro da polícia dá a partida e sai. CLOSE em Lawrence.

 

CENA 28. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INTERIOR. NOITE.

 

Letitia coloca suas joias em cima da penteadeira e vai retirando a maquiagem com um algodão molhado. Dianne aparece na porta.

 

DIANNE – Como você está?

 

LETITIA – (IGNORA) A polícia já foi embora?

 

DIANNE – Já. O... corpo já foi retirado. A perícia já liberou a cena do crime.

 

LETITIA – Obrigada Dianne. Mas agora eu preciso descansar. Vou ficar bem.

 

DIANNE – Sobre o que você disse hoje de manhã em relação ao bebê...

 

LETITIA – Esquece.

 

Dianne concorda, dá um sorriso esperançoso e sai. CLOSE em Letitia.

 

CENA 29. MANSÃO DOS ADDAMS. FRENTE. EXTERIOR. NOITE.

 

Jessica e Sean atravessando o jardim da mansão até o portão de saída. Lawrence sai porta afora e corre até eles.

 

LAWRENCE – Jessica!

 

Jessica e Sean se viram e encaram Lawrence.

 

LAWRENCE – Não vá minha filha. Veja o que aconteceu hoje por causa desse rapaz. Se esse jantar não tivesse acontecido, Blake estaria vivo. Fique. Vamos conversar com mais calma. Só eu e você.

 

Jessica sorri, se aproxima do pai e cospe na cara dele. Lawrence fecha os olhos e limpa o cuspe com as mãos.

 

JESSICA – Nunca mais fale comigo. Monstro.

 

Jessica dá o braço para Sean e eles vão embora. CLOSE em Lawrence, perplexo.

 

CENA 30. NOVA IORQUE. AVENIDA. EXTERIOR. NOITE.

 

 

PLANO GERAL de uma movimentada avenida da cidade. Os carros passam de lá para cá. Jessica e Sean correm pela calçada. Ele a agarra pelas costas e lhe dá um beijo no pescoço. Jessica dá uma risada e empurra-o. Ela atravessa a rua e vai desviando dos carros. Sean também atravessa a avenida. Os dois sobem num canteiro no meio da rua e seguem correndo, se divertindo muito. Sean segura Jessica e eles caem sob a grama.

 

JESSICA – (DÁ RISADA) Para Sean! Vou me sujar toda!

 

SEAN – E qual o problema? Desde quando você precisa se preocupar com as roupas? O que interessa é o que a gente tem por dentro Jessica. As roupas são apenas marcas do consumo. A gente não precisa disso.

 

JESSICA – Ah sim, quer andar pelado agora? Pelo menos seria uma vista espetacular.

 

SEAN – (RI) Não, só estou dizendo que você tem um coração maravilhoso.

 

JESSICA – (CONCORDA) Tem razão, nem é querendo me gabar, mas tudo em mim é maravilhosamente belo. Sabia que você é o homem mais inteligente que eu já conheci na vida inteira, Sean Paul Banks?

 

SEAN – Mais que o Blake? Eu digo... ele fez faculdade, fez todos os cursos...

 

JESSICA – Blake era um idiota, muito diferente de você. E a gente poderia ter dado certo juntos se ele não tivesse me traído centenas de vezes. E a idiota, a burra aqui acreditando.

 

SEAN – Como você está se sentindo com a morte dele?

 

JESSICA – (PENSA) Não sei. Eu talvez não me sinta triste por que ele morreu, somente livre. Livre para ser quem eu quiser.

 

SEAN – E vai ser comigo. Nós vamos começar uma vida nova longe de todo o dinheiro da sua família. Só eu e você.

 

JESSICA – É o que eu mais quero.

 

Sean concorda e aproxima seu rosto de Jessica. Eles se olham com paixão e dão um beijo.

 

CENA 31. SANATÓRIO JUDICIAL. EXTERIOR. NOITE.

 

 

PLANO GERAL da fachada de um enorme sanatório.

 

CENA 32. SANATÓRIO JUDICIAL. QUARTO. INTERIOR. NOITE.

 

(Música da cena anterior continua)

 

Um enfermeiro abre a porta de um dos quartos e outro enfermeiro joga Mabel lá dentro. Mabel rola pelo chão e cai próxima a parede do local. No quarto há apenas uma mesinha e uma cama com colchão e travesseiro. Mabel chora e se levanta. Os enfermeiros fecham a porta. Mabel corre até a porta e começa a bater.

 

MABEL – (BERRA) Me tira daqui! Socorro!

 

Ela põe as duas mãos na cabeça e começa a chorar descontroladamente. CLOSE no rosto de Mabel.

 

CENA 33. MANSÃO DOS ADDAMS. FUNDOS. EXTERIOR. NOITE.

 

(Música da cena anterior continua)

 

CÂMERA acompanha em TRAVELLING pares de sapatos caminhando pelo jardim nos fundos da mansão. Do lado contrário, a CÂMERA também mostra em TRAVELLING outros pares sapatos caminhando na direção da pessoa do início da cena. Os dois pares de sapatos se encontram e a CÂMERA sobe, mostrando que são Martinez e Lawrence.

 

MARTINEZ – Já averiguamos tudo. Ela foi levada para um manicômio judicial próximo daqui.

 

LAWRENCE – Muito bem Martinez, você já sabe o que fazer para tirar essa mulher da vida da minha família para sempre.

 

MARTINEZ – (AFIRMA) Sim.

 

LAWRENCE – Mate Mabel Hargensen. E faça tudo parecer suicídio.

 

Martinez e Lawrence se encaram.

 

CENA 34. MANSÃO DOS ADDAMS. QUARTO DE LETITIA. INTERIOR. NITE.

 

(Música da cena anterior continua)

 

Letitia na frente do espelho apenas de calcinha e sutiã. Ela se vira de lado e coloca as duas mãos sob a barriga saliente. Letitia sorri e fecha os olhos, bastante emocionada.

 

LETITIA – (SUSSURRA) Desculpa meu filho... Eu nunca deveria ter feito aquilo... Me perdoe Jacob...

 

Letitia abre os olhos e as lágrimas rolam por seu rosto sedoso.

 

CENA 35. SANATÓRIO JUDICIAL. CORREDOR. INTERIOR. NOITE.

 

Um enfermeiro parado na porta do quarto de Mabel. Martinez surge do corredor e vai até ele. O enfermeiro olha para os lados, preocupado. Martinez retira um maço de dinheiros do bolso e entrega na mão do enfermeiro. O enfermeiro sinaliza positivamente com a cabeça e abre a porta do quarto. Martinez entra.

 

CENA 36. SANATÓRIO JUDICIAL. QUARTO. INTERIOR. NOITE.

 

Mabel deitada na cama, dormindo profundamente. O quarto está completamente escuro. Martinez entra e aproxima-se lentamente da cama da ex-prostituta. Mabel abre os olhos de repente e nota que dá algo perto de si. Quando Mabel se vira, Martinez enfia um pano molhado no nariz dela. Mabel não tem tempo de gritar e desmaia. Martinez a agarra pelos braços e traz para o chão do quarto. Ele a posiciona encostada à cama com os braços abertos. Martinez retira um pedaço de vidro do bolso e fura um dos pulsos de Mabel a sangue frio, cortando até o antebraço. Ele coloca o vidro ensanguentado na outra mão de Mabel, se levanta e sai rapidamente do quarto. A porta se bate e ouve-se o barulho da tranca. CÂMERA foca em Mabel, com o pulso jorrando sangue, adormecida. FOCO na poça de sangue que se forma na frente da moça. FADE OUT.

 

 

- FIM DO EPISÓDIO –

 

ESTRELANDO

 

PETER KRAUSE como Lawrence Addams

CONNIE BRITTON como Letitia Addams

EVAN PETERS como Ben Addams

ALEXANDRA BRECKENRIDGE como Jessica Addams

GLENN FITZGERALD como Cotton Addams

PIPER PERABO como Mabel Hargensen

RYAN MERRIMAN como Blake Morgan

COURTENEY COX como Violet Langdon

JESSICA LANGE como Dianne Addams

 

ATORES CONVIDADOS

 

MAX THIEROT como Sean Banks

BREE WILLIAMSON como Kendra Parker

ADAM RODRIGUEZ como Martinez

TONY PLANA como François

 

MÚSICAS DO EPISÓDIO

 

CALIFONIA DREAMING by The Mamas and the Papas

EVERY BREATH YOU TAKE by The Police

SERPENTS by Sharon Van Etten

8 HORAS ANTES DO CRIME

CENA 4. HOSPITAL ESTADUAL DE NOVA IORQUE. CORREDOR. INTERIOR. NOITE.

 

FADE IN no rosto desacordado de Letitia. Ela está deitada sob uma maca hospitalar que vai sendo empurrada por dois enfermeiros por um extenso corredor. Lawrence vai junto, segurando a mão da esposa, bastante nervoso.

 

LAWRENCE – (MURMURA) Vai dar tudo certo meu amor… Confia… Você vai ficar bem…

 

E eles chegam até uma porta onde está escrito UTI. Um dos enfermeiros se coloca na frente de Lawrence e impede a sua passagem.

 

ENFERMEIRO – O senhor não pode passar daqui.

 

LAWRENCE – Mas o que é isso? Eu sou médico! Eu quero acompanhar o procedimento na minha esposa!

 

ENFERMEIRO – Desculpe, mas temos ordens a seguir.

 

E eles entram com Letitia em cima da maca. A porta da UTI se bate com força. Lawrence põe as duas mãos na cintura, nervoso, e baixa a cabeça. FADE OUT.

bottom of page